Muitas pessoas me perguntam o que me leva a ter tanto interesse nos paradoxos, em todo tipo de paradoxo. Bom, eu sou um estudante de psicologia, e acredito que muitas vezes as pessoas estão vivendo mal suas vidas por terem convencido a si mesmas que uma argumentação inválida é verdadeira. Pode ser alguém que nunca admite estar errado, pois pensa que estar errado é uma demonstração de fraqueza, ou alguém que acredita que não pode sair de uma determinada situação, embora não exista nenhum impedimento real para que a pessoa saia de tal situação, só para citar dois exemplos.
Se eu não for capaz de identificar essas contradições, eu não serei capaz de fazer nada pela pessoa. Mas muito mais do que simplesmente achar o problema, é interessante conseguir compreender o que levou a pessoa a ficar presa naquele problema. E é no discurso da pessoa que muitas vezes irão aparecer as ferramentas que construiram tal prisão.
Os paradoxos ilustram essas ferramentas, de forma que estudando os paradoxos, somos capazes de identificar neles argumentos que já ouvimos em diálogos do nosso dia a dia. Compreendendo o funcionamento de um paradoxo de trás para frente, somos capazes de fazer uma engenharia reversa na argumentação daquele que nos dirige a palavra e, por meio da palavra, levar esta pessoa a ela, também, identificar as falhas no seu argumento. Seus paradoxos pessoais.
Se eu não for capaz de identificar essas contradições, eu não serei capaz de fazer nada pela pessoa. Mas muito mais do que simplesmente achar o problema, é interessante conseguir compreender o que levou a pessoa a ficar presa naquele problema. E é no discurso da pessoa que muitas vezes irão aparecer as ferramentas que construiram tal prisão.
Os paradoxos ilustram essas ferramentas, de forma que estudando os paradoxos, somos capazes de identificar neles argumentos que já ouvimos em diálogos do nosso dia a dia. Compreendendo o funcionamento de um paradoxo de trás para frente, somos capazes de fazer uma engenharia reversa na argumentação daquele que nos dirige a palavra e, por meio da palavra, levar esta pessoa a ela, também, identificar as falhas no seu argumento. Seus paradoxos pessoais.
Paradoxo do mentiroso e suas variações
"Esta afirmação é falsa."Paradoxo de Quine (adaptado)
"A próxima sentença é falsa. A sentença anterior é verdadeira."
"Os cretenses estão sempre mentindo." Epimenides, filósofo cretense.
"Um homem diz estar mentindo. O que ele diz é verdadeiro ou falso?"
"Eu sempre minto."
"Você está mentindo quando responde a esta questão? - Sim."
"Existem três errus nesta sentensa." - Extrapolação do paradoxo, como no livro The Mind's I de Hofstadter e Dennet.
"'Torna-se falso quando precedito por sua citação' torna-se falso quando precedido por sua citação."
Variante: "(Não) leia o que está entre parênteses."Paradoxo de Grelling e Nelson
"A palavra longo é longa?"
"Seria heterológica a palavra heterológica?" - Um adjetivo é autológico, ou homológico, se - e apenas se - ele descrever a si mesmo. Por exemplo, a palavra curta é autológica; e um adjetivo é heterológico se - e apenas se - ele não descrever a si mesmo. As palavras longa e monossilábica são exemplos disso.
"Seria não a resposta para esta pergunta?"Paradoxo de Curry
"Se esta sentença for verdadeira, então o Papai Noel existe."Paradoxo de Berry (adaptado)
"O menor integral positivo indefinível em menos que onze palavras."Paradoxo da Madre Teresa (adaptado)
"Ame até doer, então não haverá mais dor, apenas mais amor."Paradoxo do Corvo
Paradoxo da Exceção"Observar maçãs verdes aumenta a probabilidade de todos os corvos serem pretos."
Explicação de Hempel:
(1) Todos os corvos são pretos.
Em termos estritamente lógicos, por meio da Lei de Implicação, isto equivale a dizer que:
(2) Tudo aquilo que não é preto, não é um corvo.
Deve ficar claro que, em todas as circunstâncias em que (2) é verdadeiro, (1) também o é; assim sendo, em todas as circunstâncias que (2) for falso, (1) também será falso. Assim estabelecemos a equivalência lógica.
Dada a afirmação de que todos os corvos são pretos, nós poderemos considerar a forma da afirmação que se refere a uma instância observável específica do objeto como uma evidência para a afirmação em si (empirismo). Exemplo disso seria:
(3) Nunca-mais, meu corvo de estimação, é preto.
É uma evidência que claramente suporta a hipótese de que todos os corvos são pretos (observar um corvo preto aumenta a possibilidade de que todos os corvos sejam pretos).
O paradoxo surge quando o mesmo processo é aplicado a afirmação (2). Ao observarmos uma maçã verde, podemos afirmar que (4) Esta coisa verde (logo, que não é preta) é uma maçã (e, portanto, não é um corvo).
Sendo (2) logicamente equivalente a (1), então é correto afirmar que avistar uma maçã verde é uma evidência de que todos os corvos são pretos.
O absurdo aqui está no simples fato de que maçãs não estão relacionadas diretamente com corvos, se a argumentação fosse válida, uma pessoa poderia afirmar que todos os corvos são pretos, sem nunca ter visto um corvo, simplesmente por ter visto uma maçã verde.
Como já me dizia meu avô, um grande filósofo luso-brasileiro, "nem tudo o que reluz é ouro."
"Toda regra possui uma exceção."Paradoxo da Página Branca
"Para toda regra há uma exceção."
"Se para toda regra há uma exceção, então para toda regra deve haver pelo menos uma exceção, menos para esta regra."
Muitos documentos e livros possuem uma página em branco onde está escrito "esta página foi intencionalmente deixada em branco." Se há algo escrito, a página não está mais em branco. Vale aqui a observação de que, mais do que um paradoxo lingüístico, a causa deste paradoxo são as convenções estabelecidas.
"Moderação em todas as coisas, inclusive na moderação."Paradoxo do Controle (ou da Liberdade)
"O homem jamais poderá ser completamente livre, pois ser completamente livre é ter controle sobre si mesmo." - Seria, neste caso, um louco descontrolado deixado em paz, uma criatura além do paradoxo? (:
"Nenhum sentido faz sentido."Paradoxo de Moore
"Está chovendo lá fora, mas eu não acredito que está chovendo."Paradoxo do Nihilismo
"A verdade não existe." Se a verdade não existe, então a afirmação anterior é verdadeira. Logo a verdade existe na forma da própria afirmação que a nega.Mera Adição (um dos meus preferidos)
É claro... "A verdade está lá fora." (:
Também caracteriza o Peritrope de Sócrates; por exemplo: responder a afirmação de que "a verdade não existe", usa-se uma pergunta como "bem, não seria isto uma verdade?"
"Seria uma grande população pouco tolerável vivendo melhor do que uma pequena população feliz?"
Digo, preferido, nem tanto pelo paradoxo originalmente proposto, mas pela perfeita construção de incerteza contraditória que ela propõe e os lugares aonde leva o processo do pensamento.
Um comentário:
Meu amigo, você e eu bem sabemos que quanto mais uma pessoa pensa saber sobre algo, mas ela esta enganada. Desculpe a presunção, mas eu tenho o que você precisa, e a reciproca é verdadeira (paradoxo?). Gostaria de dividir minhas idéias, porque no mundo em que vivemos, para as pessoas que estão muito presas ao que é previsível e convencional, eu estou a cada desvio parecendo cada vez mais contraditório e insensato. Aqueles que se são detidos em suas próprias mentiras estão constantemente sendo desconfirmados pelo que determinam com previdencia. E como eu sei que as melhores amizades se constroem "ao acaso", gostaria de saber ate o momento onde tu estás situado. Abraço !
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