Este post se destina a retificar algumas afirmações precipitadas e, no mais das vezes, erradas, que fiz sobre o psicólogo B. F. Skinner, fundador do Behaviorismo Radical. Minhas afirmações anteriores eram baseadas em uma leitura superficial e incompleta da obra de Skinner, e em conceitos incompletos e, de certo modo, até mesmo errados, que constam nos livros texto de Psicologia. Isso só confirma a importância da leitura das obras dos teóricos, acima da leitura de interpretações e resumos feitas com base nas mesmas. Agradeço ao Psicólogo e Professor Anderson de Moura Lima por me chamar a atenção quanto ao que eu havia escrito anteriormente, e por dedicar um longo tempo me enviando materiais de alta qualidade e debatendo o Behaviorismo Radical comigo.
O Behaviorismo Radical trata tudo aquilo que fazemos e tudo aquilo que conhecemos como mente, consciência e subjetividade, como sendo comportamento; ou seja, na visão do Behaviorista Radical, mente, consciência e subjetividade são comportamentos.
O Behaviorismo Radical é a vertente do estudo do comportamento, iniciada por Skinner, que se difere das demais, como os estudos de condicionamento de Ivan Pavlov, por sua ênfase nas conseqüências do comportamento ao invés dos estímulos que deflagram o comportamento; e, principalmente, se difere do Behaviorismo Metodológico de John Watson por não ignorar como epifenômeno (fenômeno que é um subproduto ocasional de outro, sobre o qual não exerce qualquer influência, e do qual é dependente - Aurélio) aquilo que é tratado como evento privado ou, em termos mentalistas, processos mentais.
O ato de pensar, o ato de sentir, o ato de criar, são todos atos, portando são comportamentos e podem ser estudados como tal. A consciência é tomar ciência de algo, sendo assim, também, um comportamento, ou melhor, um conjunto de comportamentos condicionados que nos leva a perceber o mundo da maneira como percebemos.
Somos causa e efeito, e tanto quanto exercemos nossas ações sobre o mundo, como Skinner ressalta, o mundo exerce seu efeito sobre nós. Desta forma, o Behaviorismo Radical tem uma visão bastante própria sobre ser humano: não há diferenciação entre ser humano e ambiente, nem grandes diferenciações entre ambiente externo e interno, somos um com o ambiente, somos moldados desta forma, agimos e reagimos frente às mudanças ambientais.
Os eventos privados, enquanto não podem ser observados pelo pesquisador ou pelo terapeuta, podem ser observados pelo indivíduo e podem ser relatados pelo comportamento verbal. Desta forma, nós mesmos somos importantes observadores dos nossos eventos privados e estes podem ser estudados por um profissional habilitado na Análise Comportamental.
A proposta do Behaviorismo Radical, como o próprio nome já deixa claro, trás consigo um rompimento drástico com idéias pré-concebidas que são nutridas socialmente, as memes virais às quais Daniel Dennett se refere, mas são importantes no sentido de que podem ser os argumentos mais fortes já criados em defesa da vida humana e dos direitos humanos.
Como isso? Skinner construiu toda sua base teórica fortemente fundamentada na ciência e na Filosofia (como fica evidente no livro Sobre o Behaviorismo, de autoria de B. F. Skinner); seus resultados são obtidos por meio da observação, quantificação e discussão. Não são afirmações baseadas em meras inferências e achismos, que dificilmente podem ser refutados e muitas vezes representam mais a visão do teórico do que a realidade que pode ser obtida pela experimentação; muito diferente disso: os postulados Behavioristas podem ser comprovados, os experimentos podem ser refeitos, as medições podem ser recriadas.
Além disso, Skinner não limitou seu trabalho aos animais, mas estudou o ser humano e a sociedade humana, levando em conta muitos os aspectos para os quais os Behavioristas que o precederam não possuíam respostas; sem, contudo, abrir mão do método científico. A aplicabilidade da Análise do Comportamento não se limita ao laboratório, mas possui respostas para a prática clínica, para as relações empresariais e para todo tipo de relação em sociedade.
Dentre estas respostas está a questão do livre-arbítrio e da responsabilidade. Até que ponto o ser humano é responsável por suas ações?
Ainda estamos presos à uma prática que vem desde a idade média e que foi ganhando força com a revolução industrial e a consolidação do modelo de produção capitalista; que é a prática de iludir as pessoas humildes para que elas se submetam e vendam sua mão de obra de forma barata sem questionar seu verdadeiro valor enquanto indivíduo. Para tanto temos o carnaval, o futebol, a cerveja e, talvez numa das facetas mais negras deste esquema de dissimulação, os bodes expiatórios, os segregados, os institucionalizados, que são aqueles indivíduos nos quais a população projeta todas suas fantasias destrutivas e toda sua frustração, sem nem ao menos tomar conhecimento de que estão agindo assim.
Ao afirmar que o ser humano é produto do ambiente e das contingências de reforço às quais foi submetido ao longo de sua vida, e sem esquecer da carga genética e fatores biológicos, Skinner questiona o valor da punição e conceitos como "a maldade da alma", "a perversão moral", "o caráter torpe", etc afirmando que eles são aquilo que são: mal adaptações do indivíduo, coisas que podem ser tratadas de maneira científica, com o método apropriado.
Com isso, é justo dizer que Skinner foi um dos cientistas que mais defendeu o ser humano, a liberdade do ser humano, e uma sociedade mais justa.
"Educação é aquilo que sobrevive quando o que foi aprendido é esquecido."
"Uma pessoa que foi punida não irá tornar-se menos inclinada para se comportar daquela maneira; no máximo esta pessoa irá apenas aprender a evitar a punição."
O Behaviorismo Radical trata tudo aquilo que fazemos e tudo aquilo que conhecemos como mente, consciência e subjetividade, como sendo comportamento; ou seja, na visão do Behaviorista Radical, mente, consciência e subjetividade são comportamentos.
O Behaviorismo Radical é a vertente do estudo do comportamento, iniciada por Skinner, que se difere das demais, como os estudos de condicionamento de Ivan Pavlov, por sua ênfase nas conseqüências do comportamento ao invés dos estímulos que deflagram o comportamento; e, principalmente, se difere do Behaviorismo Metodológico de John Watson por não ignorar como epifenômeno (fenômeno que é um subproduto ocasional de outro, sobre o qual não exerce qualquer influência, e do qual é dependente - Aurélio) aquilo que é tratado como evento privado ou, em termos mentalistas, processos mentais.
O ato de pensar, o ato de sentir, o ato de criar, são todos atos, portando são comportamentos e podem ser estudados como tal. A consciência é tomar ciência de algo, sendo assim, também, um comportamento, ou melhor, um conjunto de comportamentos condicionados que nos leva a perceber o mundo da maneira como percebemos.
Somos causa e efeito, e tanto quanto exercemos nossas ações sobre o mundo, como Skinner ressalta, o mundo exerce seu efeito sobre nós. Desta forma, o Behaviorismo Radical tem uma visão bastante própria sobre ser humano: não há diferenciação entre ser humano e ambiente, nem grandes diferenciações entre ambiente externo e interno, somos um com o ambiente, somos moldados desta forma, agimos e reagimos frente às mudanças ambientais.
Os eventos privados, enquanto não podem ser observados pelo pesquisador ou pelo terapeuta, podem ser observados pelo indivíduo e podem ser relatados pelo comportamento verbal. Desta forma, nós mesmos somos importantes observadores dos nossos eventos privados e estes podem ser estudados por um profissional habilitado na Análise Comportamental.
A proposta do Behaviorismo Radical, como o próprio nome já deixa claro, trás consigo um rompimento drástico com idéias pré-concebidas que são nutridas socialmente, as memes virais às quais Daniel Dennett se refere, mas são importantes no sentido de que podem ser os argumentos mais fortes já criados em defesa da vida humana e dos direitos humanos.
Como isso? Skinner construiu toda sua base teórica fortemente fundamentada na ciência e na Filosofia (como fica evidente no livro Sobre o Behaviorismo, de autoria de B. F. Skinner); seus resultados são obtidos por meio da observação, quantificação e discussão. Não são afirmações baseadas em meras inferências e achismos, que dificilmente podem ser refutados e muitas vezes representam mais a visão do teórico do que a realidade que pode ser obtida pela experimentação; muito diferente disso: os postulados Behavioristas podem ser comprovados, os experimentos podem ser refeitos, as medições podem ser recriadas.
Além disso, Skinner não limitou seu trabalho aos animais, mas estudou o ser humano e a sociedade humana, levando em conta muitos os aspectos para os quais os Behavioristas que o precederam não possuíam respostas; sem, contudo, abrir mão do método científico. A aplicabilidade da Análise do Comportamento não se limita ao laboratório, mas possui respostas para a prática clínica, para as relações empresariais e para todo tipo de relação em sociedade.
Dentre estas respostas está a questão do livre-arbítrio e da responsabilidade. Até que ponto o ser humano é responsável por suas ações?
Ainda estamos presos à uma prática que vem desde a idade média e que foi ganhando força com a revolução industrial e a consolidação do modelo de produção capitalista; que é a prática de iludir as pessoas humildes para que elas se submetam e vendam sua mão de obra de forma barata sem questionar seu verdadeiro valor enquanto indivíduo. Para tanto temos o carnaval, o futebol, a cerveja e, talvez numa das facetas mais negras deste esquema de dissimulação, os bodes expiatórios, os segregados, os institucionalizados, que são aqueles indivíduos nos quais a população projeta todas suas fantasias destrutivas e toda sua frustração, sem nem ao menos tomar conhecimento de que estão agindo assim.
Ao afirmar que o ser humano é produto do ambiente e das contingências de reforço às quais foi submetido ao longo de sua vida, e sem esquecer da carga genética e fatores biológicos, Skinner questiona o valor da punição e conceitos como "a maldade da alma", "a perversão moral", "o caráter torpe", etc afirmando que eles são aquilo que são: mal adaptações do indivíduo, coisas que podem ser tratadas de maneira científica, com o método apropriado.
Com isso, é justo dizer que Skinner foi um dos cientistas que mais defendeu o ser humano, a liberdade do ser humano, e uma sociedade mais justa.
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Links recomendados:
- BORGES, TODOROV e SIMONASSI. Comportamento humano em esquemas concorrentes: escolha como uma questão de procedimento.
- BRANDENBURG, Olivia e WEBER, Lidia. Autoconhecimento e liberdade no behaviorismo radical.
- LIMA, Anderson de Moura. Por que a ciência não trás felicidade.
- MACHADO, Lígia Maria. Consciência e Comportamento Verbal.
- MOROZ, Melania e RUBANO, Denize. Subjetividade: a interpretação do behaviorismo radical
- RODRIGUES, Lílian e ABREU-Rodrigues, Josele. Falácia da conjunção: definição e variáveis de controle.
3 comentários:
Gostei.
Estou no fim de minha graduação e me interesso muito pelo Behaviorismo Radical.
Acesso alguns blogs para ter mais informações e poder debater com o que já estudei e o que penso!
Beijos
Andei olhando o seu blogger, e gostei muito de diversas coisas que aqui encontrei.
Sou estudante do 1º ano de Psicologia aqui em Rio Branco - Acre.
E em um livro que estou lendo, vi uma citação de uma das inúmeras cartas que John Watson escreveu para Rosalie Rayner. O que me interessou muito, mas não obtive sucesso na busca de outras citações.
Se pudesse me ajudar eu adoraria.
"Cada célula do meu corpo a ti pertence, individual e coletivamente. Todas as minhas reações são positivas e todas são para ti. Assim como cada uma e todas as reações do coração. Não posso ser mais teu do que sou, mesmo que uma cirurgia nos transformasse em um único ser..." (Watson, apud Pauly, 1979, p.40)
Encontrei no livro: História da Psicologia. Duane P. Schultz e Sydney Ellen Schultz.
Traduzido. é a tradução da 8ª edição norte-americana.
Oi Thais!
Como posso te ajudar? Você quer mais citações do Watson?
Um bom lugar para começar as pesquisas é na Wikipedia -> http://pt.wikipedia.org/wiki/John_B._Watson
Ou, se forem citações, achei esta página aqui -> http://translate.google.com/translate?u=http%3A%2F%2Fstudent.ucr.edu%2F~pwink001%2Fquotes.html&hl=en&ie=UTF8&sl=en&tl=pt
Deve haver bem mais material dele na internet... Mas não sei exatamente o que você está procurando.
Traduzi um pouco da biografia dele aqui, neste link -> http://psicologiarg.blogspot.com/2007/10/longa-e-escura-noite-do-behaviorismo.html
Se você quiser saber mais sobre o Behaviorismo Metodológico posso te dar uma ajuda também, se eu não souber responder alguma coisa, posso te indicar quem sabe. (:
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