quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Poema a Korsakoff



ILLUSION


I’ve lost the ability to express,
Thoughts are nothing but a jumbled mess.
I’m surprised at how time moulds you,
I’m awed at how life holds you.

Hands draw you back and keep you glued to the ground,
Chain you with reality; gnaw at you like a hound.

Time heals your sour wounds but leave a deep scar,
To remind you of those failures you have accumulated so far.
You’ve to suppress your voice when you want to cry,
Shadows don’t leave you no matter how hard you try.

An emptiness fills your whole being,
You wonder how to escape this wretched feeling.
You await a small opening from inside the closed doors,
A share of sun, a ray that’s your.

When, Why how your being was transformed,
Who is this stranger in the reflection,
Your mirror has formed.

Suffocating is this alien personality,
You dread to open eyes and accept the reality.

Shikha Singh


ILUSÃO

Expressar já não posso mais,
Pensamentos que não passam de uma pândega mordaz.
Estou surpreso pelas vicissitudes do tempo,
Estou pasmo pela vida em seu encadeamento.

Mãos me seguram e me mantém colado ao chão,
Acorrentando à realidade; segura mordida de cão.

O tempo me cura feridas amargas mas deixa uma cicatriz profunda,
Para lembrar dos erros acumulados no decurso de uma vida.
Então urge suprimir a voz que anseia chorar,
Sombras não abandonam, delas não posso escapar.

Olha! O vazio preenche todo o teu ser,
Procura um modo de sofismar este sentimento esmagador.
Aguarda ainda, pela frincha para a porta ao teu interior,
Uma parcela do sol, d'um raio que foi meu.

Quando, Pois como o teu ser foi transformado,
Quem é este estranho no reflexo,
Que ao espelho me é revelado?

Sufocante que me é esta personalidade alienígena,
Exito abrir os olhos e a realidade aceitar.

Não é uma tradução.

Quando li o poema de Shikha Singh, me lembrei de imediato da síndrome de Korsakoff. Mas notei que seria difícil trazer isso para o português na forma em que o autor propunha. Então fiz uma releitura do poema conforme achei mais adequado. Algumas das principais características da síndrome de Korsakoff são a amnésia anterógrada e retrógrada, e a confabulação para o preenchimento dos "vazios" mnemônicos. A síndrome está associada à deficiência da vitamina B12, que pode ser causada pelo alcoolismo.

4 comentários:

Unknown disse...

A MORTE MISTERIOSA.

O relogio do campanário marca meio-dia e meia.
O sol está no alto e é abrasador. Ilumina casas, palácios, pórticos. Suas sombras no chãodescrevem retângulos, quadrados e trapezóides de um negro tão macio que o olho queimado gosta de refrescar-se nele. Que luz!
Como seria doce viver ali, perto de um pórtico consolador ou uma torre tola coberta com musgos e bandeirinhas coloridas, entre homens gentis e inteligentes1 Chegará tal dia? Que importa, já que a vemos ir-se!
Que ausencia de tempestades, de gritos de coruja, de mares tempestuosos. Aqui Homero não teria encontrado canções. Uma essa espera para sempre. É negra como a esperança, e esta manhã alguem afirmou que durante a noite ela ainda espera.
Em algum lugar está um cadaver que não consegue se ver. O relogio marca meio-dia e trinta e dois, o sol está se pondo, é hora de partir.
Giorgio de Chirico
PS: Eu acho essa passagem tri simbólica, os surrealistas eram demais...

Psicólogo Cláudio Drews disse...

Por algum motivo este poema me lembrou de um outro poema...:

Solitude

Happy the man, whose wish and care
A few paternal acres bound,
Content to breathe his native air
In his own ground.

Whose herds with milk, whose fields with bread,
Whose flocks supply him with attire;
Whose trees in summer yield him shade,
In winter fire.

Blest, who can unconcern'dly find
Hours, days, and years slide soft away
In health of body, peace of mind,
Quiet by day,

Sound sleep by night; study and ease
Together mixt, sweet recreation,
And innocence, which most does please
With meditation.

Thus let me live, unseen, unknown;
Thus unlamented let me die;
Steal from the world, and not a stone
Tell where I lie.

Alexander Pope.

Traduzo o quadrante final mais ou menos assim:
"Assim me deixe viver, desapercebido, desconhecido;
Assim sem lamentos me deixe morrer;
Subtraído do mundo, e nem uma pedra
indica onde eu repouso."

Rosali Alves - Desenhista disse...

ess desenho dentro da pintura foi tu quem fz? Prece o perfil do meu mestre van gogh!

Psicólogo Cláudio Drews disse...

Eu não fiz desenho algum ali... Eu queria ilustrar o poema com alguma coisa que remetesse aos bebedores de 'peso', e nada melhor para isso do que os bebedores de absinto -- muitos artistas pintaram quadros com o tema. Então resolvi pegar um quadro do Degas, que embora sutil, no detalhe é bem interessante, e usar como ilustração... Só que estava faltando algo, dai olhei aquela mesa vazia do lado, lembrei de um autoretrato do van Gogh que eu imaginava que iria encaixar direitinho ali, recortei o van Gogh e coloquei ele ali, com o braço apoiado na mesa, olhando pra moça bebum.
Dizem que o van Gogh não dispensava um absinto (não esse pseudo-absinto de anis que temos hoje em dia, mas o legítimo)... Então a presença dele na ilustração era imprescindível.
Dai, por serem estilos diferentes, do Degas e do van Gogh, fica aquela coisa: será a presença do van Gogh naquele bar uma ilusão? - ou será o bar, a moça e o cara uma ilusão do van Gogh? :D
heheheheheheh...
Então foi isso... :D