"Acreditaria mesmo que mentisse. Sua mentira não muda minha fé." - estava escrito no Twitter hoje.
Pergunto: conseguem notar o que há de errado com o argumento acima?
1. "Acreditaria mesmo que mentisse."
-- a. Quem acreditaria?
-- b. Quem mentisse?
Esta frase exige estas questões, e a questão "acreditar no quê?", estando claramente mal elaborada e, de certo modo, ambígua. Uma anfibologia.
Poderia ser "[Ele] acreditaria mesmo que [eu] mentisse" ou "[Eu] acreditaria mesmo que [ele] mentisse" ou mesmo "[Eu] acreditaria mesmo que [eu] mentisse".
No contexto em que se encontra a frase, somos levados a depreender algo como "[Eu] acreditaria [na minha fé] mesmo que [ele] mentisse" ou, mais provavelmente na intenção do autor, "[Eu] acreditaria [na minha fé] mesmo que [tu] mentisse[s]".
Mas, por consequência, a meme acima leva ato de linguagem de "[Eu] acreditaria [na minha fé] mesmo que [eu] mentisse." A fé é dogmática, está além dos questionamentos.
2. "Sua mentira não muda minha fé."
-- a. Onde na sociedade contemporânea está a mentira de lesa-fé? Onde senão na ciência? Como então defender que a ciência proclama mentiras contra a fé de um indivíduo ou grupo de indivíduos quando a ciência, para ser ciência, é um construto de conhecimentos baseados em fatos e admitidamente passíveis a falseabilidade: ou seja, não há dogmas na ciência, no máximo paradigmas, que são derrubados com a chegada de novos fatos que os contradigam. Os fatos, que são oriundos da Natureza, é que compõe o corpo de conhecimento científico, inclusive quando este desmente as crenças da(s) fé(s). Não há interesse científico em atacar a fé, uma vez que o interesse final da ciência é a busca da verdade.
O antônimo da verdade é a mentira. Logo, eis o motivo pelo qual imputo o ato de mentir ao autor da frase acima, quando este diz: "Acreditaria mesmo que mentisse." - o crédulo mente pra si mesmo, para negar a verdade que o incomoda. E verdades científicas, em geral, incomodam por remover do ser humano seu papel central e absoluto na Natureza, uma necessidade de um ser que chega ao ponto de criar um deus a sua imagem e semelhança.
Logo, ao complementar seu pensamento com a oração "sua mentira não muda minha fé", o autor está transferindo sua própria falha para aqueles a quem pretende atacar, numa forma de falácia do homem de palha.
Pergunto: conseguem notar o que há de errado com o argumento acima?
1. "Acreditaria mesmo que mentisse."
-- a. Quem acreditaria?
-- b. Quem mentisse?
Esta frase exige estas questões, e a questão "acreditar no quê?", estando claramente mal elaborada e, de certo modo, ambígua. Uma anfibologia.
Poderia ser "[Ele] acreditaria mesmo que [eu] mentisse" ou "[Eu] acreditaria mesmo que [ele] mentisse" ou mesmo "[Eu] acreditaria mesmo que [eu] mentisse".
No contexto em que se encontra a frase, somos levados a depreender algo como "[Eu] acreditaria [na minha fé] mesmo que [ele] mentisse" ou, mais provavelmente na intenção do autor, "[Eu] acreditaria [na minha fé] mesmo que [tu] mentisse[s]".
Mas, por consequência, a meme acima leva ato de linguagem de "[Eu] acreditaria [na minha fé] mesmo que [eu] mentisse." A fé é dogmática, está além dos questionamentos.
2. "Sua mentira não muda minha fé."
-- a. Onde na sociedade contemporânea está a mentira de lesa-fé? Onde senão na ciência? Como então defender que a ciência proclama mentiras contra a fé de um indivíduo ou grupo de indivíduos quando a ciência, para ser ciência, é um construto de conhecimentos baseados em fatos e admitidamente passíveis a falseabilidade: ou seja, não há dogmas na ciência, no máximo paradigmas, que são derrubados com a chegada de novos fatos que os contradigam. Os fatos, que são oriundos da Natureza, é que compõe o corpo de conhecimento científico, inclusive quando este desmente as crenças da(s) fé(s). Não há interesse científico em atacar a fé, uma vez que o interesse final da ciência é a busca da verdade.
O antônimo da verdade é a mentira. Logo, eis o motivo pelo qual imputo o ato de mentir ao autor da frase acima, quando este diz: "Acreditaria mesmo que mentisse." - o crédulo mente pra si mesmo, para negar a verdade que o incomoda. E verdades científicas, em geral, incomodam por remover do ser humano seu papel central e absoluto na Natureza, uma necessidade de um ser que chega ao ponto de criar um deus a sua imagem e semelhança.
Logo, ao complementar seu pensamento com a oração "sua mentira não muda minha fé", o autor está transferindo sua própria falha para aqueles a quem pretende atacar, numa forma de falácia do homem de palha.
Crença sem questionamentos e sem critério dá nisso: falácias e mais falácias que sustentem suas necessidades de distorcer a realidade para que essa lhe pareça tolerável.
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