segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

A bela praia

Um dia vou estar caminhando pela bela praia, aquela onde a areia é mais branca, os coqueiros são mais altos e vistosos, a natureza é mais verde e a água é de um azul turquesa capaz de ofuscar a beleza de qualquer jóia. Vou estar sentindo a areia úmida e gelada massageando meus pés descalços enquanto caminho lentamente em direção às ondas e ao pôr do sol carmim, respirando o ar puro, carregado de maresia, trazido por uma brisa agradável de final de tarde de um dia quente.
E nesse lugar, nesse momento ímpar, vou te encontrar sentada na areia, com a tua pele morena molhada, os cristais de sal brilhando por todo o teu corpo refletindo os últimos raios do sol que se põe...
Vou me agachar do teu lado, e com a ponta dos meus dedos vou afastar os teus cabelos castanhos, para que a minha boca possa se aproximar do teu ouvido. E ali, enquanto vemos o adeus de um dia abençoado, vou falar para ti de todo meu sentimento, lutando comigo mesmo para manter as mãos apenas sobre teus ombros, enquanto sinto o teu cheiro e o calor da tua pele.
Quando eu terminar, anos de tristeza vão ter ido embora, todo o sofrimento do mundo não vai passar de uma vaga lembrança, e o prenúncio da alegria vai se confirmar quando você virar o teu belo rosto para mim, me observando com olhinhos que só a paixão pode descrever, e sorrir, de maneira sincera e afetuosa.
Me sento para que você possa se encostar em mim, com teu rosto contra o meu peito, ouço tua voz como se ela ainda viesse direto do meu coração, como foi durante todos esses anos que só fiz esperar. Ouço e sinto aquela voz subindo, delicada, voz de menina, me falando de tudo que passou, e de todos os sonhos que sonhou, do sentimento que guardou para quando este dia chegasse.
Quando você terminar, sinto tua respiração mais leve, “tudo que já passou...”
Meu queixo se afasta da tua cabeça, que vira lentamente, trazendo tua boca de encontro a minha, num beijo que traduz toda a emoção da noite que se aproxima.
Permanecemos juntinhos, meus braços envolta dos teus, enquanto do sol só resta uma luminosidade distante e as estrelas já formam uma torrente de pequenos pontos, pontos que lembram a esperança que brilhava a cada noite em que deitávamos pensando um no outro.
Agora já não dependíamos mais da esperança... Em frente a nós, apenas o horizonte de duas vidas que finalmente se encontraram, para as quais o tempo é meramente uma convenção. Um momento eterno e ao mesmo tempo efêmero, como é toda a felicidade. Pelo tempo que nos foi destinado.

Escrito por mim.

Nenhum comentário: