O sistema tegumentar, ou tegumento comum, é a cobertura externa e contínua, que envolve todo o organismo; sendo interrompido apenas em seus orifícios naturais, onde se prolonga pela respectiva mucosa. No corpo humano é formado pela pele, cabelos, pêlos, unhas, glândulas mamárias, glândulas sudoríferas e glândulas sebáceas; além dos produtos destas glândulas, o suor e o muco. Seus orifícios naturais são as pálpebras, os canais auditivos (meatos acústicos externos), as narinas, a rima bucal, a uretra e o ânus.
Sob o ponto de vista anatômico, o tegumento comum é constituído por dois planos, um mais superficial denominado cútis e outro mais profundo denominado tela subcutânea. Os pêlos, cabelos, unhas e glândulas (alveolares e glomiformes) são tratados como anexos. Já do ponto de vista fisiológico, Lockhart et al definiram que “não há manto que se compare à pele em seus diversos papéis de impermeabilizar, aquecer, proteger do sol e resfriar, sensibilidade a um toque de pluma, à temperatura e à dor, suportar o desgaste de setenta anos e executa sua própria reparação” (apud KAPIT; ELSON, 2004. p. 18). Não só isso, mas o sistema tegumentar protege o corpo contra partículas nocivas e contra a desidratação, e consegue gerar vitamina D por meio da exposição à luz ultravioleta.
A cútis, conhecida vulgarmente como pele, é formada por suas membranas sobrepostas, sendo a mais externa e avascular a epiderme, e a mais interna, fibrosa e vascularizada, a derme ou cório1. A epiderme se subdivide em camadas de células achatadas (epitélio pavimentoso estratificado) chamadas de córnea, lúcida, granulosa, espinhosa e basilar; a derme se subdivide em camadas papilar de tecido conjuntivo frouxo, reticular de tecido conjuntivo denso, e é separada da epiderme por uma membrana de queratócitos mitóticos que formam a camada basilar.
Segundo Sebastião (1985), é na epiderme que se encontram os diversos tipos de pigmentos que dão as cores características às raças humanas, tais como o caroteno, a oxi-hemoglobina e a melanina, o mais importante dentre eles. A coloração da melanina varia, indo do amarelo ao negro, dependendo de sua quantidade e concentração.
A cútis também desempenha um papel fundamental no equilíbrio térmico corporal, por meio da vaso dilatação e da vaso contrição, juntamente com as glândulas sebáceas, que produzem um líquido oleoso que impede a perda da temperatura orgânica, e as glândulas sudoríferas, que produzem ao suor. O suor, ao evaporar, elimina calor, abaixando a temperatura da superfície corpórea.
No sistema tegumentar também são encontradas as glândulas ceruminosas, axilares, circumanais e vestibulares nasais; e as glândulas mamárias, que são localizadas sob os mamilos, ou papila mamária, uma pequena protuberância na pele, rica em terminações nervosas, contendo entre 15 e 20 ductos lácteos distribuídos cilindricamente, cercada pela auréola. A função primária das glândulas mamárias é a nutrição dos recém-nascidos.
Assim como as glândulas, os pêlos, cabelos e unhas também são considerados anexos da pele; porém sua importância funcional é cada vez menor nas sociedades tecnologicamente avançadas.
Um estudo mais aprofundado da pele é “eminentemente microscópico” (DÂNGELO; FATTINI, 2006), tendo sido aqui registradas algumas das informações básicas, o mínimo necessário ao entendimento desse sistema.
A pele é particularmente propensa a doenças psicossomáticas2, ou doenças psicofisiológicas. Tais estados disfuncionais são causados por processos mentais daquele que está sofrendo, ao invés de possuir uma causa imediatamente fisiológica. Condições emocionais tais como depressão e ansiedade são determinantes. A interação entre os fatores psicológicos e o sistema imunológico é estudada pela psiconeuroimunologia.
Interação extremamente complexa, como Swartz e Semrad (1951) demonstram ao citar Thompson, que “lista um grande número de manifestações físicas e conhecidas como doenças psicossomáticas que podem ocorrer com a psicose, [...] dermatografia, acrocianose, doenças acneiformes e pústulares na pele, hirsutismo e oleosidade, e compleicionalidades turvas, todas são observadas no esquizofrênico” ao mesmo tempo que relatam o caso de uma paciente de 23 anos de idade, diagnostica como portadora de psicose maníaco-depressiva, que sofreu de dermatite alérgica durante a vida toda: quando seu quadro psicológico melhorava, pústulas recobriam toda a sua pele e a alergia piorava; porém quando seu quadro psicológico degenerava, culminando em episódios de mania, sua pele apresentava uma melhora significativa.
Os fatores responsáveis por desencadear estas doenças podem ser os mais variados; Wittkower e Lipowski (1966) apontam para a possibilidade de que a alta incidência de doenças psicossomáticas da pele entre os povos africanos estar “relacionada ao contato próximo e prolongado das crianças ao corpo da mãe [origem de alguma dependência emocional].” Fatores culturais podem se mostrar mais relevantes do que fatores ambientais e econômicos nos estudos casuísticos.
Algumas das doenças psicossomáticas da pele são: a urticária, manifestando-se na forma de lesões vermelhas, com crostas, na área do pescoço, braços e rosto, embora possa aparecer em todo o corpo; a dermatite seborréica aparece gradualmente, na forma de uma escamação que pode ser seca ou gordurosa no couro cabeludo; a psoríase, reconhecível por suas formações escamosas prateadas e placas de diversos tamanhos, provocadas por um crescimento e uma produção anormalmente elevada das células cutâneas; a dermatite atópica, que é um transtorno crônico e recorrente, caracterizado por lesões rubras, prurido intenso e ressecamento em diversas partes do corpo, acompanhado de extrema sensibilidade a estímulos irritantes de contato, geralmente em episódios agudos intercalados com períodos sadios de duração variável; e o vitiligo, que é a descoloração da pele em certas áreas, com aumento progressivo das manchas, sem maiores danos à saúde.
Clinicamente todas essas doenças são hodiernamente classificadas como tendo causa desconhecida, embora algumas delas estejam relacionadas a fatores hereditários. Todas elas compartilham do fator psicológico, uma vez que casos de estresse, traumas e transtornos psíquicos são comuns nos pacientes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, Sebastião Vincente. Anatomia Fundamental. 2ª ed. São Paulo : Pearson, 1985. p. 571-582
DÂNGELO, José Geraldo; FATTINI, Carlo Américo. Anatomia Humana Básica. 2ª ed. São Paulo : Atheneu, 2006. p. 173-5
KAPIT, Wynn; ELSON, Lawrence. Anatomia: um livro para colorir. 3ª ed. São Paulo : Roca, 2004. p. 18-9
SWARTZ, Jacob et al. Psychosomatic Disorders in Psychoses. In: Psychosomatic Medicine. vol. XIII, n. 5. Boston : APS, 1951. p. 314-321
WITTKOWER, E. D. et al. Recent Developments in Psychosomatic Medicine. In: Trends in Psychosomatic Medicine. vol. XXVIII, n. 5. Virginia : APS, 1966. p. 722-737
OBRAS CONSULTADAS
INTEGUMENTARY System. In: Wikipedia: the free encyclopedia. Wikimedia, 2006. Disponível em:
MANUAL Merck. Disponível em:
PSYCHODERMATOLOGY. In: Wikipedia: the free encyclopedia. Wikimedia, 2006. Disponível em:
PSYCHOSOMATIC Illness. In: Wikipedia: the free encyclopedia. Wikimedia, 2006. Disponível em:
JOY, Bill. Why the future doesn't need us. In: Wired Magazine. Issue 8.04. s.l. : Condé Nast, 2000.
SMITH, Edward. The catalog of correctable omnipresent human flaws. Disponível em:
BALLONE, G. J. Urticária, Psoríase e Vitiligo. In: PsiqWeb.
1Do latim corium, que significa couro, a cútis animal após curtida.
2Termo introduzido em 1818 por Hermann von Hemholtz.
Obs.: Este trabalho era limitado ao número máximo de 3 (três) páginas.
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