“Sonhos são como psicoses passageiras, embora não haja dúvida de que os sonhos não são, em si próprios, fenômenos patológicos.”
Sonhar: é o processo de satisfação de impulsos reprimidos do Id por meio de uma fantasia.
As três partes componentes do Sonho: o conteúdo latente; a elaboração do Sonho; e o conteúdo manifesto.
Conteúdo Latente: são desejos e pensamentos inconscientes que ameaçam acordar a pessoa e transtornar o sono. São elementos do conteúdo latente, por ordem de importância: os impulsos e desejos do Id; as impressões sensoriais noturnas; pensamentos, idéias e preocupações correntes. Todo o conteúdo latente do sonho é inconsciente.
A parte mais importante do conteúdo latente do sonho é a que deriva do Id reprimido, pois dela provém a maior parte da energia psíquica envolvida no sonho. Ela é geralmente infantil e pueril, podendo ter sua origem na infância com o surgimento dos mecanismos de defesa; em contraste com isso, os pensamentos e preocupações do dia anterior e as sensações são correntes, atuais.
Elaboração do Sonho: formação ou seleção de uma fantasia para a satisfação do desejo, que seja aceita pelo Ego e não perturbe o sono.
A elaboração do sonho se divide em três partes: a tradução dos impulsos e desejos do Id para o processo primário e a condensação do produto dessa tradução em uma fantasia; nas atividades defensivas do Ego agindo sobre esse processo de tradução e condensação; e na elaboração secundária.
A tradução dos impulsos e desejos reprimidos do Id para o processo primário ocorre simultaneamente com a tradução das preocupações atuais e sensações noturnas do processo secundário para o processo primário, condensando toda a informação.
Por se tratar do processo primário é tudo bastante visual e simbólico, e com a condensação, uma imagem pode representar vários desejos. O objetivo dessa tradução é formular uma fantasia que propicie a descarga dos impulsos reprimidos do Id para que estes não perturbem o sono.
Atividades defensivas do Ego (ou Censor Onírico): agem sobre o processo de tradução e tentam barrar os impulsos do Id, as preocupações correntes e, possivelmente, as sensações noturnas, para que não interfiram no sono. Para barrar as preocupações correntes e as sensações noturnas é utilizado o princípio do prazer, já os impulsos do Id são constantemente antagonizados e são barrados por meio de distorções e disfarces naquilo que será o conteúdo manifesto do sonho. Essas atividades são as principais responsáveis pela dificuldade de se interpretar o sonho.
Elaboração secundária: é uma tentativa do Ego dar lógica e racionalidade ao sonho, traduzindo o que foi sonhado para o processo secundário. Acontece quando tentamos relatar um sonho.
Sonho Manifesto (Formação de Compromisso): é o produto final do equilíbrio entre as forças de defesa do Ego e o Conteúdo Latente do sonho. Quando as forças defensivas não são suficientemente fortes para impedir que parte do conteúdo latente se torne consciente, elas podem tornar esse conteúdo vago, impedindo assim que este se torne totalmente consciente.
Assim, além das vicissitudes sofridas pelo conteúdo latente, partes do sonho podem ser reprimidas. A formação de compromisso irá determinar o quão distante do conteúdo original será o sonho e o quão vago ele será conscientemente.
Pesadelos ou Sonhos de Ansiedade: podem ocorrer devido a uma falha no mecanismo defensivo que permite ao conteúdo latente tornar-se consciente e gerar ansiedade no Ego, ou na forma de sonhos de punição, ou, ainda, como resultado do disfarce e distorção exacerbados dos impulsos do Id por parte dos mecanismos de defesa – neste caso o conteúdo latente aparece de tal forma distorcido que chega a ser assustador.
Sonhos de Punição: o Ego antecipa a culpa (condenação do Superego) se parte do conteúdo latente proveniente do Id encontrar expressão direta demais no sonho manifesto. O resultado é que a fantasia expressa, ao invés de retratar de forma mais ou menos disfarçada algum tipo de gratificação, acaba retratando de forma mais ou menos disfarçada algum tipo de punição.
Duas Teorias do Sonho
1ª Teoria (baseada na hipótese telescópica do aparelho psíquico): A descarga da energia psíquica, ao invés de seguir seu curso normal indo da extremidade perceptiva para a extremidade motora, fazia um arco reverso, voltando à extremidade perceptiva, uma vez que a extremidade motora estaria bloqueada durante o sono.
2ª Teoria (baseada na segunda tópica – hipótese estrutural): Durante o sono ocorre um enfraquecimento da função do Ego de Prova da Realidade e sua profunda regressão a um nível de funcionamento comparável ao da infância muito remota, onde predomina o processo primário de pensamento. Então ocorre um estado em que os pensamentos se manifestam de forma muito visual na forma de imagens pré-verbais e a incapacidade do Ego para determinar se estas imagens são provenientes do meio externo ou do meio interno.
Interpretação dos Sonhos: processo de engenharia reversa onde a tarefa consiste em verificar o conteúdo latente por meio do conteúdo manifesto.
2 comentários:
Olá Claudio.
Sou psicanalista Clinico, e encontrando o seu blog, gostei da suas postagens,e uma delas que me chamou a atençao foi essa acerca dos sonhos. Parabéns!
Peço-lhe permissão para postar em meu blog. Obrigado.
Faça uma visita ao meu blog. www.psicanaliseemacao.blogspot.com
A vontade, será uma honra.
Abraços!
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