quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

O Besouro de Wittgenstein

Imagine que você possui uma caixa de fósforos, e que o seu amigo possui uma caixa igual a sua. Dentro destas caixas existe algo a que ambos pretendem se referir com a palavra besouro. Agora imagine que você não possa olhar dentro da caixa do seu amigo; e que ele não possa olhar dentro da sua caixa. Vocês só podem afirmar conhecer o que é um besouro olhando dentro de suas próprias caixas.
Wittgenstein sugere que, nesta situação, a palavra besouro não pode ser o nome de alguma coisa específica, tendo em conta a possibilidade de que cada pessoa possa er algo completamente diferente dentro de sua caixa (ou mesmo nada).
O que seria um besouro nesta linguagem manifestada por você e pelo seu amigo?
Extrapolando um pouco o proposto por Wittgenstein, deixando de lado a utilização de suas formulações, peço para que você imagine um bezouro agora, neste momento. O que você imaginou? Seria o mesmo que eu imaginei? Seria o mesmo que o amigo que você imaginou, enquanto realizava o exercício acima, imaginaria?
Talvez se estivéssemos frente a frente poderíamos vocalizar descrições de nossos besouros subjetivos e, com certeza, elas teriam diferenças marcantes. Ainda que tivéssemos acesso a essas descrições, que nada mais são do que uma desconstrução da figura atual formada em nossa mente com referência à bezouros, as peças que compõem essas figuras seriam reconstruídas com a referência única que temos delas em nossas mentes, inevitávelmente resultando em besouros mais semelhantes àqueles inicialmente imaginados, mas ainda assim diferentes.

"Aquilo que eu falo não é a mesma coisa que você entende, mas meramente o suficiente para que minhas palavras possam fazer algum sentindo."

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