O BEHAVIORISMO RADICAL COMO FILOSOFIA DA MENTE
Carlos Eduardo Lopes
José Antônio Damásio Abib
Universidade Federal de São Carlos
Resumo
O Behaviorismo Radical de B. F. Skinner é constantemente acusado de eliminar a mente de sua explicação do comportamento humano. Uma análise do livro The Concept of Mind, de Gilbert Ryle, sugere a possibilidade de defender a existência de uma mente relacional, diferente da categoria de existência da mente defendida em interpretações cartesianas (mente substancial). A análise de alguns textos de Skinner sugere que o conceito de uma mente relacional também pode ser defendido no Behaviorismo Radical. Esse fato, culminaria na possibilidade de que, além de filosofia da Ciência do Comportamento, o Behaviorismo Radical, também pode ser uma filosofia da mente, o que traria conseqüências ao estudo e à aplicação da Análise do Comportamento.
Carlos Eduardo Lopes
José Antônio Damásio Abib
Universidade Federal de São Carlos
Resumo
O Behaviorismo Radical de B. F. Skinner é constantemente acusado de eliminar a mente de sua explicação do comportamento humano. Uma análise do livro The Concept of Mind, de Gilbert Ryle, sugere a possibilidade de defender a existência de uma mente relacional, diferente da categoria de existência da mente defendida em interpretações cartesianas (mente substancial). A análise de alguns textos de Skinner sugere que o conceito de uma mente relacional também pode ser defendido no Behaviorismo Radical. Esse fato, culminaria na possibilidade de que, além de filosofia da Ciência do Comportamento, o Behaviorismo Radical, também pode ser uma filosofia da mente, o que traria conseqüências ao estudo e à aplicação da Análise do Comportamento.
________________________
Artigo disponível na íntegra em:
http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n1/16800.pdf
Comentários:
Artigo inteligente, bastante sóbrio que trás uma abordagem de engenharia reversa no estudo da mente partido daquilo que pode ser observado para inferir o que não pode ser observado. O autor procura desfazer alguns equívocos comuns causados pelo uso inapropriado do vocabulário ao abordar a mente, que faz com que efeitos sejam confundidos com causas e vice-versa; propondo uma categorização que permita que a mente exista sem que se torne um fantasma ou um espectro de si mesma. "Os desempenhos inteligentes abertos não são um vestígio do trabalho das mentes. Eles são esse trabalho." (Ryle apud Lopes e Abib)
Aqui, inteligência é o resultado de um comportamento adequado e não a causa do mesmo, tendo em vida que um indivíduo para ser considerado portador de inteligência, precisa ser capaz de demonstrar a mesma manifestando um padrão de comportamento de forma constante e observável.
Quando ao pensamento, esse é também é tratado como comportamento, mas que só pode ser observado por quem o realiza, sendo privado. Enquanto comportamento, faz-se dependente de variáveis de controle, que são externas ao indivíduo. Desta forma, o ambiente penetra os processos mais subjetivos da mente e a modela, sendo esta, sim, dependente do ambiente.
O autor conclui afirmando que o Behaviorismo Radical pode sim ser considerado uma Filosofia da Mente, que distingue-se da Filosofia da Mente tradicional (ou cartesiana, que entende a mente como uma substância imaterial e distinta do corpo) e da Filosofia da Mente mais atual e materialista (que entende a mente como sendo o cérebro enquanto estrutura, defendendo uma mente que emerge do conjunto de funções das estruturas cerebrais); o Behaviorismo Radical defende uma mente que é uma relação complexa entre ambiente e comportamento.
Sem dúvida concordo com o autor que este é um jeito válido de se abordar a mente e a questão mente e corpo, e todas as questões que são levantadas a partir disso. Porém, pelo menos neste artigo, sinto a falta de uma maior aproximação com os estudos atuais da Neurologia, que ao meu ver são indissociáveis de qualquer Filosofia da Mente no estágio em que o conhecimento humano encontra-se.
Aqui, inteligência é o resultado de um comportamento adequado e não a causa do mesmo, tendo em vida que um indivíduo para ser considerado portador de inteligência, precisa ser capaz de demonstrar a mesma manifestando um padrão de comportamento de forma constante e observável.
Quando ao pensamento, esse é também é tratado como comportamento, mas que só pode ser observado por quem o realiza, sendo privado. Enquanto comportamento, faz-se dependente de variáveis de controle, que são externas ao indivíduo. Desta forma, o ambiente penetra os processos mais subjetivos da mente e a modela, sendo esta, sim, dependente do ambiente.
O autor conclui afirmando que o Behaviorismo Radical pode sim ser considerado uma Filosofia da Mente, que distingue-se da Filosofia da Mente tradicional (ou cartesiana, que entende a mente como uma substância imaterial e distinta do corpo) e da Filosofia da Mente mais atual e materialista (que entende a mente como sendo o cérebro enquanto estrutura, defendendo uma mente que emerge do conjunto de funções das estruturas cerebrais); o Behaviorismo Radical defende uma mente que é uma relação complexa entre ambiente e comportamento.
Sem dúvida concordo com o autor que este é um jeito válido de se abordar a mente e a questão mente e corpo, e todas as questões que são levantadas a partir disso. Porém, pelo menos neste artigo, sinto a falta de uma maior aproximação com os estudos atuais da Neurologia, que ao meu ver são indissociáveis de qualquer Filosofia da Mente no estágio em que o conhecimento humano encontra-se.
3 comentários:
"Porém, pelo menos neste artigo, sinto a falta de uma maior aproximação com os estudos atuais da Neurologia, que ao meu ver são indissociáveis de qualquer Filosofia da Mente no estágio em que o conhecimento humano encontra-se"
POR QUE É QUE NÓS NÃO ESCREVEMOS UM ARTIGOS SOBRE AS LACUNAS QUE POSSAM EXISTIR NO BEHAVIORISMO RADICAL A RESPEITO DOS ESTUDOS ATUAIS DA NEUROLOGIA?
Já concordei contigo, que devemos escrever sim um artigo neste sentido. Eu só estou me aprofundando um pouco mais na neurologia para não trazer argumentos fracos ou mesmo falsos.
Algumas informações relevantes da neurologia são um pouco discordantes, tal como o número total de sinapses e alguma confusão sobre estruturas de acesso à memória e estruturas de memória em si.
Mas tenho estudado bastante para formar um corpo mais sólido de conhecimento, não só com material que encontro on-line, mas principalmente, agora, relendo uns livros texto que usamos nas aulas de Psicofisiologia.
...
Algumas perguntas que poderiam ser respondidas com uma abordagem Neurológica:
- Quais os tipos de contingentes de reforço internos que temos?
Tipo, acredito que existam coisas inatas tais como fome, sede, sono, e coisas aprendidas, tais como alguns aspectos do comportamento social, que são de naturezas diferentes, fisiologicamente, e que interagem entre si. As primeiras residem em estruturas mais primitivas do cérebro, como o sistema límbico, as segundas são dependentes de estruturas mais evoluídas, como o córtex.
As primeiras, mais primitivas, parecem ser mais eficientes quanto à sobrevivência do organismo, as segundas levam a uma melhor adaptação e interação social. Mas por vezes as segundas, no cérebro saudável, prejudicam o organismo ao subjulgarem as primeiras quanto as necessidades básicas (tal como uma pessoa que trabalha demais e dorme de menos, ou como alguém que adquire uma anorexia nervosa). Já no cérebro doente, uma deficiência ou um dano nas estruturas corticais podem levar a um comportamento socialmente criminoso.
- Como estímulos e reforços ambientais agem sobre o indivíduo (ou ambiente interno, ou mente)?
Em qualquer caso que seja, as ações são moldadas pelo ambiente (um comportamento não ocorre se o ambiente não permitir ou não prover os meios e objetos necessários para que ele ocorra).
Outro aspecto interessante se dá pela plasticidade neuronal... A configuração física dos neurônios é alterada por repetidas experiências, assim, acreditam, se dá a memória de longo prazo. Estímulos externos provocando alterações duradouras no cérebro.
Enfim... Assim como a pele exposta ao sol e ao vento se altera, ou um músculo exposto à constantes cargas de trabalho se altera, neurônios e sinapses expostos à estímulos externos se alteram também... Mas não só externos... A repetição mental de vivências (função do lobo frontal, como se fosse uma máquina de realidade virtual em nossa cabeça), também fortalece certas sinapses...
Mas sinto que ainda preciso organizar melhor isso tudo, para poder responder com clareza e objetividade as possíveis, pelo menos as principais, perguntas que estas observações irão certamente levantar.
Ok!Abraços!
Postar um comentário