Nada melhor para fazer durante o café da manhã do que traduzir um artigo pequeno da wikipédia com alguma teoria recente da neurociência. Enjoy... (:
Uma teoria amplamente aceita quanto à função do córtex pré-frontal cerebral é de que ele serve para armazenar a memória de curto prazo. Esta idéia é foi inicialmente formulada por Jacobsen, que reportou em 1935 que danos no córtex pré-frontal de primatas causavam déficits na memória de curto prazo. Karl Pribram e seus colegas, em 1952, identificaram a parte do córtex pré-frontal responsável por este déficit como sendo a área de Brodmann 46, também conhecida como córtex pré-frontal dorsolateral (CPFdl). Mais recentemente, Goldman-Rakic e seus colegas, em 1993, evocaram perdas na memória de curto prazo em regiões localizadas pela desativação de porções do CPFdl. Uma vez que foi formulado o modelo de memória de trabalho de Baddeley foi estabelecido na neurociência contemporânea, em 1986, estes achados neuropsicológicos contribuíram para a teoria de que o córtex pré-frontal implementa a memória de trabalho e, em algumas formulações extremas, apenas a memória de trabalho. Na década de 90 esta teoria era amplamente aceita como a função predominante do córtex pré-frontal em primatas não-humanos. O conceito de memória de trabalho utilizado pelos proponentes desta teoria focava principalmente na retenção de informações em curto-prazo, e bem menos na manipulação ou monitoração de tais informações ou no uso de tais informações para a tomada de decisões. Consistente com a idéia de que a função predominante do córtex pré-frontal é a retenção de memória, atividade em período de atraso (delay-period activity) - a atividade neuronal que segue a apresentação transiente de uma pista de instrução e persiste até um sinal de gatilho subseqüente - no córtex pré-frontal tem sido comumente interpretada como um traço de memória.
Para explorar interpretações alternativs à atividade em período de atraso no córtex pré-frontal, Levedev e colegas, em 2004, investigaram as taxas de descargas de neurônios pré-frontais individuais enquanto macacos recebiam um estímulo demarcando uma localização enquanto lembravam-se de uma localização diversa, desmarcada. Ambas localizações serviram como alvos potenciais do movimento sacado do olho - movimentos rápidos de ambos os olhos na mesma direção inicializados pela área de Brodmann 8, no lobo frontal, relativos a maneira como humanos e outros animais observam e mapeiam as cenas apresentadas.
Embora a tarefa tenha feito uso intensivo da memória de curto-prazo, a maior parte dos neurônios pré-frontais representaram localizações observadas, ao invés das lembradas. Estes achados demonstraram que as funções da memória de curto-prazo não podem responder por toda, ou mesmo pela maioria, da atividade em período de atraso na parte explorada do córtex pré-frontal. Os autores sugeriram que a atividade do córtex pré-frontal durante os períodos de atraso contribui majoritariamente para o processo de atenção seletiva, ao invés de armazenamento de informação.
Fontes: Attention versus memory in prefrontal cortex. In: Wikipedia
Lebedev MA, Messinger A, Kralik JD, Wise SP (2004) Representation of attended versus remembered locations in prefrontal cortex. PLoS Biology, 2: p. 1919-35.
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