quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal, LUKS e Concha y Toro

Este é o meu primeiro natal enquanto vegetariano - querendo ser vegano - e, também, o primeiro natal que passo sozinho em casa. Totalmente sozinho não, minha gata siamesa Luria está aqui comigo me fazendo companhia. E eu fazendo companhia a ela. Embora provavelmente ela nem saiba que é natal. Que diferença faria para uma gata, não é?
Neste natal, resolvi me dar de presente a aprendizagem da configuração "manual" do LVM com LUKS no Linux, e uma taça de espumante Concha y Toro caso tudo corresse bem.
Nem pensei em fazer a configuração às escuras, então perguntei àquele que tudo sabe - o Google - por alguém que já houvesse feito o processo manualmente, de preferência com dual-boot.
A escolha por dual-boot não é a que vejo como ideal... O Windows, especialmente o Vista, na maior parte do tempo mais parece com um enorme trojan horse do que qualquer outra coisa. Mas como eu estou com esse HDD de 160 GB, que é uma infinidade para quem não tem a menor intenção de ficar armazenando vídeos ou músicas (o YouTube existe para isso) ou instalando jogos comerciais no disco, e como posso vir a precisar utilizar algum aplicativo que seja mais cabeludo de rodar 'emulado' no Linux, com o InVesalius ou o 3D Slicer ou o Visuword, resolvi que seria por bem dedicar um pedacinho do meu espaço em disco para essa plataforma ciclópica.
Para tanto eu usei os CDs de instalação que vieram com o notebook da Dell, tendo previamente formatado o HDD em 31 GB (sim, só 31 GB) para o Vista e deixando o resto como espaço não alocado. Utilizei o CD de instalação do Vista, o CD de instalação dos drivers e aplicativos de suporte (afinal, eu paguei pelo suporte comprando uma plataforma Dell), o CD do Works - mais pela possibilidade de visualizar e formatar alguns documentos do MS Office sem as poucas falhas que podem ocorrer na composição do OpenOffice... E foi só. Não instalei - pelo menos por enquanto - os CDs com aplicativos de gravação de mídias ópticas e nem de execução de DVDs. Não pretendo gravar CDs no Vista e, se eu vier a assitir alguma coisa, irei assistir pelo VLC Media Player, que foi um dos aplicativos opensource que instalei.
Outros foram o OpenOffice 3, Firefox (evidente), Inkscape, Argumentative (um dos motivos para ter o Vista instalado), Audacity, 7zip, PEBL e GIMP. De freeware instalei o IrfanView, Picasa, Google Desktop, Google Earth e o Foxit Reader.
Fiz os updates necessários no Vista, configuração bem básica de alguns programas, e passei logo para a instalação do Ubuntu no restante do espaço em disco.
A primeira questão que passou pela minha mente em relação à instalação do Ubuntu foi quanto a versão que seria instalada. Seria o Hardy Heron, 8.04.1 LTS, com suporte extendido e talvez mais estável, ou seria o Intrepid Ibex, 8.10, que eu já vinha usando a algum tempo com bastante sucesso? Acabei optando pelo Intrepid Ibex, pois este já havia demonstrado suporte total e excelente ao meu hardware, inclusive com o gerenciamento de energia.
Tendo optado a versão, a primeira coisa que botei na cabeça foi o seguinte: esta não será uma instalação teste drive... Vou fazer o melhor para, como quando instalei a versão 7.10, Gutsy Gibbon, não ter que ficar pensando em sistema operacional, mas sim em o quê fazer de produtivo num sistema operacional.
Escolhi a versão Alternate, pois me permite acessar algumas opções com mais facilidade, inseri o CD no drive, reiniciei o computador, na tela de inicialização da instalação optei pela língua inglesa como padrão para o sistema operacional - é fato conhecido de longa data que a língua nativa de um sistema operacional é mais estável -, fiz as opções para teclado (ABNT2) e vídeo (1280x800 VESA), e prossegui com a instalação.
Confirmei a língua inglesa, escolhi a localidade como South America / Brazil e, finalmente, cheguei à configuração do particionamento do disco.
Me aproveitei do meu 'velho' notebook V43 todo detonado no qual está instalado o Ubuntu 6.06 LTS - já sem suporte, Dapper Drake, acessei o Google e busquei por uma luz. Luz brilhante, perfeitamente elaborada, que encontrei na forma de um passo-a-passo, uma verdadeira receita de bolo, no blog Learning in Linux - Marvelling at GNU/Linux tools, datada de 23/04/2008. O passo a passo era destinado ao Ubuntu 8.04 Gutsy Gibbon, mas funcionou perfeitamente no Ubuntu 8.10 Intrepid Ibex.
As explicações são muito boas e embasadas no manual Debian, como é possível ver no post - "[...]never trust a lame blogger: you can read more about your choices in the Debian Installation manual". (;
Também, aqui, é notável a fidelidade no Ubuntu ao padrão Debian nos aspectos críticos do sistema, como a configuração do Logical Volume Manager.
Li atentamente as recomendações e dei uma olhada no manual de instalação do Debian para esclarecer algumas dúvidas, e optei por seguir as linhas sugeridas, inclusive mantendo um espaço dedicado para futuros snapshots do sistema operacional.
Dediquei o mesmo espaço para o Swap, cerca de 1,01 GB, bem mais do que o necessário - em geral minhas instalações do Linux não fazem uso do swap -, o dobro para o sistema, totalizando cerca de 20 GB para a raíz, uma vez que volta e meia gosto de testar softwares novos nos repositórios e isso acaba ocupando bastante espaço, e mais de 90 GB para home, onde fica armazenado aquilo que eu for produzir ou muitos dos materiais de consulta, como artigos que eu venha a baixar da Internet.
Estas configurações foram feitas manualmente pela configuração de volumes lógicos do gerenciador de particionamento da instalação alternativa. Se eu houvesse utilizado o modo assistido para o disco inteiro criptografado, não poderia manter a instalação do Vista - não que isso seja uma grande coisa, mas no meu caso se aplica como explicado acima -; e se eu houvesse escolhido o modo assistido para o espaço disponível, não poderia gozar da criptografia do modo descrito aqui e ainda perderia mais espaço com o swap.
Outro ponto que vale a pena fazer referência, é que, enquanto eu quero que esta seja uma instalação estável - um futuro 'frozen' - resolvi seguir as linhas de segurança sugeridas. Por exemplo, poderia ter feito a partição lógica de boot com apenas 100 MB, mas para manter-me nas linhas de segurança configurei a mesma para os típicos 250 MB.
E foi isso, com o Positivo V43 no colo, conectado, e com o Vostro 1510 na cadeira, ao lado do sofá, fiz toda a configuração manual do LUKS graças ao blog referido e ao manual de instalação do Debian, e embora eu duvido que houvesse conseguido sem a possibilidade de consultar a estes materiais, uma vez realizada a instalação, é preciso admitir que foi fácil. Bastou captar a lógica por trás da mesma.
Terminada a instalação do sistema, realizei o primeiro boot, estava tudo ok, abri minha garrafa de Concha y Toro, fiz um brinde com a Luria, e degustei uma taça do ótimo espumante, com meu ótimo sistema operacional, pronto para as demandas de segurança de armazenamento de dados do século XXI ("[...] pode ajudar a sua decisão saber que em 2000, o AES foi escolhido pelo American National Institute of Standards and Technology como o algoritmo de encriptação standard para proteger informação sensível no século XXI").
Desejo um feliz natal a todos os estudantes e praticantes da Psicologia, aos interessados nos mistérios e enigmas que o árduo estudo da neurologia propõe, aos defensores do software livre, aos que se preocupam com um mundo melhor e mais humano para as próximas gerações, aos defensores dos direitos dos animais, e para todos aqueles que se dedicam a praticar o bem - para alguém, sem olhar para quem - de uma forma ou de outra. Um abração caloroso, saúde e paz.

2 comentários:

Sidarta Rodrigues disse...

ola, acompanho sempre as publicações deste blog, coloquei, inclusive um link dele em um dos meus blogs. acho bem interessante a proposta. alguns dos textos anteriores, que tratavam da filosofia da mente, epistemologia sao de maior interesse pra mim. gostaria de saber se em seu curso ha espaço para estas discussoes e como se dá isso. faço psicologia aqui na ufba.

Psicólogo Cláudio Drews disse...

Opa! Interessante a tua pergunta...
Posso dizer que foi dado espaço para que eu e alguns outros colegas interessados no assunto pudéssemos fazer exposições visando despertar o interesse em outros colegas do curso.
Por exemplo, fui monitor de Processos Psicológicos Básicos I, e o meu horário de monitoria era junto com o monitor de Filosofia.
Nós nos juntamos de forma a conciliar ambas as matérias, expondo as perguntas - ou questões filosóficas - relevantes, por meio de experimentos mentais, que envolviam os assuntos tratados na disciplina de PPB I.
Com este mesmo colega tive a oportunidade de fazer uma palestra para os alunos do primeiro ano expondo estas mesmas questões e as diferentes formas como elas são abordadas - no caso em especial o dualismo vs. o monismo e o determinismo vs. livre-arbítrio.
Em todos os trabalhos acadêmicos que faço, sempre que possível, com exceção daqueles que são muito estritos, relaciono de alguma forma com assuntos da neurociência.
Fora isso, me reúno informalmente com outros colegas que partilham do mesmo interesse para discussões, trocas de idéias, dicas de autores e bibliografia.
Já pensamos em fazer algum tipo de grupo de estudos mais formal, mas ai perderíamos muito tempo pensando nas formalidades e sobraria menos tempo para o que realmente interessa. :D
Enfim... Todos os tópicos das diferentes escolas da psicologia se relacionam de alguma forma, inevitavelmente, com a neurociência...
Talvez a neurociência e suas vertentes - neurologia, neuropsicologia, inteligência artificial, neuroanatomia, neurofisiologia, etc - estejam para a psicologia como a matemática e a física estavam para a filosofia na época que vai de Newton à Russell e Wittgenstein. :P