terça-feira, 13 de maio de 2008

Recortes: Evolução do Cérebro Humano

Charles Whitehead
Evolução do Cérebro Humano
Jornal of Consciousness Studies vol. 11, no. 12, 2004.
pg. 80

Tuscon, 2004

Na sessão de "Ética", Martha Farrah nota que o "conhecimento neurocientífico" tem implicações profundas na maneira como nós pensamos sobre nós mesmos como seres morais e espirituais, como seres capazes de auto-atualização e como membros de uma sociedade. Mas o que ninguém noto foi a relação dupla da ética materialista/individualista do capitalismo com os pressupostos materialistas/individualistas da ciência ocidental. Cientistas geralmente imaginam que sua própria "objetividade" existe em um vácuo moral. Mas a cultura materialista exige uma ciência materialista para a sua própria legitimação, e isso inevitavelmente afeta as políticas de distribuição de fundos para pesquisas e as oportunidades de emprego. Os Galileus deste mundo - aqueles que desafiam o paradigma dominante - não encaram mais o aprisionamento, mas continuam tendo de lidar com a excomunhão.
Peter Carruthers, na sessão de "Metacognição Animal", argumentou que o modelo de "leitura de mentes" social de awareness entre o self e o outro é muito mais convincente do que o modelo cognocentrista de "auto-monitoração". Por exemplo, ele apontou que os humanos são muito bons em confabular mas são muito ruins em monitorar seus próprios processos de pensamento errôneos. O que ele não apontou é que o modelo de leitura de mente apóia a teoria do espelho social (espelhos mentais dependem de espelhos [modelos] da sociedade), o que se torna um "problema difícil" em sua mente, pois faz com que os "problemas fáceis" de reflexão e cognição dependam de uma senciência anterior e aparentemente não adaptativa.
Qualquer consideração de como a consciência pôde evoluir trás consigo problemas para o materialismo. A sessão concorrente deste tema começou com minha própria dissertação - "Evolução do Cérebro Humano" - que usou dados físicos para atacar modelos fisicalistas. A hipótese concorrente predominante de expansão do cérebro primata - a hipótese da inteligência social ou "maquiavélica" - evita os piores excessos do individualismo ocidental, mas permanece cognocêntrica, atribuindo a encefalização humana à inteligência e à linguagem. Uma alternativa melhor, eu sugeriria, é a teoria do espelho social.
Os diferentes padrões de expansões corticais nos humanos não são consistentes com a hipótese da inteligência social, mas são consistentes com a hipótese de "jogar e mostrar" da expansão cerebral, como previsto pela teoria do espelho social.
Além disso, houveram dois períodos de expansão cerebral durante a evolução humana, seguidos por uma fase de contração cerebral, como previsto por esta hipótese. A formação cranial e as evidências arqueológicas sugerem que a mostra "cante e dance" induziu o primeiro período de expansão [cerebral], e de jogo simulado o segundo [período de expansão cerebral], sendo que a cultura econômica-moral trouxe a fase final de contração cerebral.
Ericsson-Zenith rejeitaram o fisicalismo em suas bases filosóficas. Já que não havia uma maneira de explicar a "construção física da consciência" em criaturas não-sencientes, o "primitivo da experiência" deveria ser um fenômeno de primeira-grandeza como a matéria e a energia. Ele concebe o primitivo da experiência como sendo "contínuo e não-fragmentado pela nossa fisiologia". A complexidade evoluída age contra esta integração a priori para criar experiências estruturadas de sensação e mentalização. A posição que está implícita neste argumento - que toda estrutura do universo fragmenta um continuum primordial de senciência - foi apresentada anteriormente em Tucson [Arizona], notadamente como a "teoria dos sistemas formados" (Watson, Schwartz & Russeek, 1998) que defende que sistemas, a disciplina científica mais fundamental, é a ciência da consciência.

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Esta é a minha tradução da resenha Evolution of the
Human Brain, de Whitehead.
Original disponível em:
http://www.uboeschenstein.ch/texte/whitehead.html

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