Charles Whitehead
Evolução do Cérebro Humano
Jornal of Consciousness Studies vol. 11, no. 12, 2004.
pg. 80
Tuscon, 2004
Na sessão de "Ética", Martha Farrah nota que o "conhecimento neurocientífico" tem implicações profundas na maneira como nós pensamos sobre nós mesmos como seres morais e espirituais, como seres capazes de auto-atualização e como membros de uma sociedade. Mas o que ninguém noto foi a relação dupla da ética materialista/individualista do capitalismo com os pressupostos materialistas/individualistas da ciência ocidental. Cientistas geralmente imaginam que sua própria "objetividade" existe em um vácuo moral. Mas a cultura materialista exige uma ciência materialista para a sua própria legitimação, e isso inevitavelmente afeta as políticas de distribuição de fundos para pesquisas e as oportunidades de emprego. Os Galileus deste mundo - aqueles que desafiam o paradigma dominante - não encaram mais o aprisionamento, mas continuam tendo de lidar com a excomunhão.
Peter Carruthers, na sessão de "Metacognição Animal", argumentou que o modelo de "leitura de mentes" social de awareness entre o self e o outro é muito mais convincente do que o modelo cognocentrista de "auto-monitoração". Por exemplo, ele apontou que os humanos são muito bons em confabular mas são muito ruins em monitorar seus próprios processos de pensamento errôneos. O que ele não apontou é que o modelo de leitura de mente apóia a teoria do espelho social (espelhos mentais dependem de espelhos [modelos] da sociedade), o que se torna um "problema difícil" em sua mente, pois faz com que os "problemas fáceis" de reflexão e cognição dependam de uma senciência anterior e aparentemente não adaptativa.
Qualquer consideração de como a consciência pôde evoluir trás consigo problemas para o materialismo. A sessão concorrente deste tema começou com minha própria dissertação - "Evolução do Cérebro Humano" - que usou dados físicos para atacar modelos fisicalistas. A hipótese concorrente predominante de expansão do cérebro primata - a hipótese da inteligência social ou "maquiavélica" - evita os piores excessos do individualismo ocidental, mas permanece cognocêntrica, atribuindo a encefalização humana à inteligência e à linguagem. Uma alternativa melhor, eu sugeriria, é a teoria do espelho social.
Os diferentes padrões de expansões corticais nos humanos não são consistentes com a hipótese da inteligência social, mas são consistentes com a hipótese de "jogar e mostrar" da expansão cerebral, como previsto pela teoria do espelho social.
Além disso, houveram dois períodos de expansão cerebral durante a evolução humana, seguidos por uma fase de contração cerebral, como previsto por esta hipótese. A formação cranial e as evidências arqueológicas sugerem que a mostra "cante e dance" induziu o primeiro período de expansão [cerebral], e de jogo simulado o segundo [período de expansão cerebral], sendo que a cultura econômica-moral trouxe a fase final de contração cerebral.
Ericsson-Zenith rejeitaram o fisicalismo em suas bases filosóficas. Já que não havia uma maneira de explicar a "construção física da consciência" em criaturas não-sencientes, o "primitivo da experiência" deveria ser um fenômeno de primeira-grandeza como a matéria e a energia. Ele concebe o primitivo da experiência como sendo "contínuo e não-fragmentado pela nossa fisiologia". A complexidade evoluída age contra esta integração a priori para criar experiências estruturadas de sensação e mentalização. A posição que está implícita neste argumento - que toda estrutura do universo fragmenta um continuum primordial de senciência - foi apresentada anteriormente em Tucson [Arizona], notadamente como a "teoria dos sistemas formados" (Watson, Schwartz & Russeek, 1998) que defende que sistemas, a disciplina científica mais fundamental, é a ciência da consciência.
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Esta é a minha tradução da resenha Evolution of the
Human Brain, de Whitehead.
Original disponível em:
http://www.uboeschenstein.ch/texte/whitehead.html
Evolução do Cérebro Humano
Jornal of Consciousness Studies vol. 11, no. 12, 2004.
pg. 80
Tuscon, 2004
Na sessão de "Ética", Martha Farrah nota que o "conhecimento neurocientífico" tem implicações profundas na maneira como nós pensamos sobre nós mesmos como seres morais e espirituais, como seres capazes de auto-atualização e como membros de uma sociedade. Mas o que ninguém noto foi a relação dupla da ética materialista/individualista do capitalismo com os pressupostos materialistas/individualistas da ciência ocidental. Cientistas geralmente imaginam que sua própria "objetividade" existe em um vácuo moral. Mas a cultura materialista exige uma ciência materialista para a sua própria legitimação, e isso inevitavelmente afeta as políticas de distribuição de fundos para pesquisas e as oportunidades de emprego. Os Galileus deste mundo - aqueles que desafiam o paradigma dominante - não encaram mais o aprisionamento, mas continuam tendo de lidar com a excomunhão.
Peter Carruthers, na sessão de "Metacognição Animal", argumentou que o modelo de "leitura de mentes" social de awareness entre o self e o outro é muito mais convincente do que o modelo cognocentrista de "auto-monitoração". Por exemplo, ele apontou que os humanos são muito bons em confabular mas são muito ruins em monitorar seus próprios processos de pensamento errôneos. O que ele não apontou é que o modelo de leitura de mente apóia a teoria do espelho social (espelhos mentais dependem de espelhos [modelos] da sociedade), o que se torna um "problema difícil" em sua mente, pois faz com que os "problemas fáceis" de reflexão e cognição dependam de uma senciência anterior e aparentemente não adaptativa.
Qualquer consideração de como a consciência pôde evoluir trás consigo problemas para o materialismo. A sessão concorrente deste tema começou com minha própria dissertação - "Evolução do Cérebro Humano" - que usou dados físicos para atacar modelos fisicalistas. A hipótese concorrente predominante de expansão do cérebro primata - a hipótese da inteligência social ou "maquiavélica" - evita os piores excessos do individualismo ocidental, mas permanece cognocêntrica, atribuindo a encefalização humana à inteligência e à linguagem. Uma alternativa melhor, eu sugeriria, é a teoria do espelho social.
Os diferentes padrões de expansões corticais nos humanos não são consistentes com a hipótese da inteligência social, mas são consistentes com a hipótese de "jogar e mostrar" da expansão cerebral, como previsto pela teoria do espelho social.
Além disso, houveram dois períodos de expansão cerebral durante a evolução humana, seguidos por uma fase de contração cerebral, como previsto por esta hipótese. A formação cranial e as evidências arqueológicas sugerem que a mostra "cante e dance" induziu o primeiro período de expansão [cerebral], e de jogo simulado o segundo [período de expansão cerebral], sendo que a cultura econômica-moral trouxe a fase final de contração cerebral.
Ericsson-Zenith rejeitaram o fisicalismo em suas bases filosóficas. Já que não havia uma maneira de explicar a "construção física da consciência" em criaturas não-sencientes, o "primitivo da experiência" deveria ser um fenômeno de primeira-grandeza como a matéria e a energia. Ele concebe o primitivo da experiência como sendo "contínuo e não-fragmentado pela nossa fisiologia". A complexidade evoluída age contra esta integração a priori para criar experiências estruturadas de sensação e mentalização. A posição que está implícita neste argumento - que toda estrutura do universo fragmenta um continuum primordial de senciência - foi apresentada anteriormente em Tucson [Arizona], notadamente como a "teoria dos sistemas formados" (Watson, Schwartz & Russeek, 1998) que defende que sistemas, a disciplina científica mais fundamental, é a ciência da consciência.
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Esta é a minha tradução da resenha Evolution of the
Human Brain, de Whitehead.
Original disponível em:
http://www.uboeschenstein.ch/texte/whitehead.html
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