sexta-feira, 2 de maio de 2008

Três contos de perdição

Ontem à noite, antes de dormir, estava pensando no vinho, no frio e na sensação de solidão inerente aos dias cinzentos e chuvosos de inverno, quando me lembrei de três contos que li nos últimos seis ou sete anos e que estão, de certa forma, relacionados por abordar a temática da desesperança em uma situação onde não há saída, embora ainda exista a vida.
O primeiro conto que li foi O Barril de Amontillado. Nele, Edgar Allan Poe trás um caso de vingança, por motivos não esclarecidos, da perspectiva do assassino, Montresor, que relata como persuadiu um desafeto, Fortunato, a seguí-lo até uma catacumba usada como adega. Chegando lá, Montresor empareda Fortunado, situação que é bem explorada psicologicamente por Poe.
O segundo conto que li foi A Nova Catacumba, de Sir Arthur Conan Doyle. Este se trata de outra história de vingança, inicialmente bastante semelhante ao conto de Poe, onde o assassino, Kennedy, é um estudante de História em busca de renome e convence um rival, Julius Burger, que o havia traído, a explorar uma "nova catacumba" com a desculpa que esta lhes traria fama e glória. Ao adentrarem nas profundezas da catacumba, o assassino deixa seu desafeto no escuro, vagando pelos corredores e tateando as paredes, incapaz de encontrar o caminho de volta ao exterior.
O terceiro conto que li foi Nas Paredes de Eryx, de H. P. Lovecraft, um conto futurista onde um explorador espacial, Stanfield, encontra-se preso em um labirinto de paredes transparentes e acaba padecendo próximo a saída que é incapaz de enxergar.
Foi bastante interessante ler estes três contos, tão próximos e ao mesmo tempo tão diversos, nesta ordem, uma vez que a temática de estar vivo e em uma situação mortal e sem saída é abordada de maneira cada vez mais sofisticada em cada um deles.
No primeiro conto, o sujeito é deixado para morrer acorrentado, atrás de uma parede, totalmente impossibilitado de salvar-se; no segundo, o sujeito encontra-se perdido na total escuridão, existe uma saída mas ele não é capaz de encontrá-la; e no terceiro, o sujeito é capaz de enxergar com perfeição, porém está preso por paredes que não pode ver.
É interessante como as situações descritas nestes três contos aproximam-se de situações de sofrimento psicológico; sobre como as pessoas lidam com situações em que encontram-se psicologicamente emparedadas, ou perdidas no escuro, ou impedidas de encontrar a saída por não exergarem os reais problemas que a cercam.

...

O Barril de Amontillado
Edgar Allan Poe

Suportei o melhor que pude as mil e uma injúrias de Fortunato; mas quando começou a entrar pelo insulto, jurei vingança. Vós, que tão bem conheceis a natureza da minha índole, não ireis supor que me limitei a ameaçar. Acabaria por vingar-me; isto era ponto definitivamente assente, e a própria determinação com que o decidi afastava toda e qualquer idéia de risco. Devia não só castigar, mas castigar ficando impune. Um agravo não é vingado quando a vingança surpreende o vingador. E fica igualmente por vingar quando o vingador não consegue fazer-se reconhecer como tal àquele que o ofendeu.
Deve compreender-se que nem por palavras, nem por atos, dei motivos a Fortunato para duvidar da minha afeição. Continuei, como era meu desejo, a rir-me para ele, que não compreendia que o meu sorriso resultava agora da idéia da sua imolação.
Tinha um ponto fraco, este Fortunato sendo embora, sob outros aspectos, homem digno de respeito e mesmo de receio. Orgulhava-se da sua qualidade de entendido em vinhos. Poucos italianos possuem o verdadeiro espírito de virtuosidade. Na sua maior parte, o seu entusiasmo é adaptado às circunstâncias de tempo e de oportunidade para ludibriar milionários britânicos e austríacos. Em pintura e pedras preciosas, Fortunato, à semelhança dos seus concidadãos, era um charlatão, mas na questão de vinhos era entendido. Neste aspecto eu não diferia substancialmente dele: eu próprio era entendido em vinhos de reserva italianos, e comprava-os em grandes quantidades sempre que podia.
Foi ao escurecer, numa tarde de grande loucura da quadra carnavalesca, que encontrei o meu amigo. Acolheu-me com excessivo calor, pois bebera de mais. Trajava de bufão; um fato justo e parcialmente às tiras, levando na cabeça um barrete cônico com guizos. Fiquei tão contente de o ver que julguei que nunca mais parava de lhe apertar a mão.
- Meu caro Fortunato - disse eu -, ainda bem que o encontro. Você tem hoje uma aparência notável! Saiba que recebi um barril de um vinho que passa por ser amontillado; mas tenho cá as minhas dúvidas.
- O quê? - disse ele - Amontillado? Um barril? Impossível! E em pleno Carnaval!
- Tenho as minhas dúvidas - respondi -, e estupidamente paguei o verdadeiro preço do amontillado sem ter consultado o meu amigo. Não o consegui encontrar e tinha receio de perder o negócio!
- Amontillado!
- Tenho as minhas dúvidas - insisti.
- Amontillado!
- E tenho de as resolver.
- Amontillado!
- Como vejo que está ocupado, vou procurar Luchesi. Se existe alguém com espírito crítico, é ele. Ele me dirá.
- Luchesi não distingue amontillado de xerez.
- No entanto, há muito idiota que acha que o seu gosto desafia o do meu amigo.
- Venha, vamos lá.
- Aonde?
- À sua cave.
- Não, meu amigo, não exigiria tanto da sua bondade. Vejo que tem compromissos. Luchesi...
- Não tenho compromisso nenhum, vamos.
- Não, meu amigo. Não será o compromisso, mas aquele frio terrível que bem sei que o aflige. A cave é insuportavelmente úmida. Está coberta de salitre.
- Mesmo assim, vamos lá. O frio não é nada. Amontillado! Você foi ludibriado. E quanto a Luchesi, não distingue xerez de amontillado.
Assim falando, Fortunato pegou-me pelo braço. Depois de pôr uma máscara de seda preta e de envergar um roquelaire cingido ao corpo, tive que suportar-lhe a pressa que levava a caminho do meu palacete.
Não havia criados em casa; tinham desaparecido todos para festejar aquela quadra. Eu tinha-lhes dito que não voltaria senão de manhã e dera-lhes ordens explícitas para se não afastarem de casa. Ordens essas que foram o suficiente, disso estava eu certo, para assegurar o rápido desaparecimento de todos eles, mal voltara costas.
Retirei das arandelas dois archotes e, dando um a Fortunato, conduzi-o através de diversos compartimentos até à entrada das caves. Desci uma grande escada de caracol e pedi-lhe que se acautelasse enquanto me seguia. Quando chegamos ao fim da descida encontrávamo-nos ambos sobre o chão úmido das catacumbas dos Montresors.
O andar do meu amigo era irregular e os guizos da capa tilintavam quando se movia.
- O barril? - perguntou.
- Está lá mais para diante - disse eu -, mas veja a teia branca de aranha que cintila nas paredes da cave.
Voltou-se para mim e pousou nos meus olhos duas órbitas enevoadas pelos fumos da intoxicação.
- Salitre? - perguntou por fim.
- Sim - respondi. - Há quanto tempo tem essa tosse?
- Cof!, cof!, cof! cof!, cof!, cof!
O meu amigo ficou sem poder responder-me durante bastante tempo.
- Não é nada - acabou por dizer.
- Venha - disse-lhe com decisão. - Retrocedamos, a sua saúde é preciosa. Você é rico, respeitado, admirado, amado; você é feliz como eu já o fui em tempos. Você é um homem cuja falta se sentiria. Quanto a mim, não importa. Retrocedamos. Ainda é capaz de adoecer e não quero assumir tal responsabilidade. Além disso, há Luchesi...
- Basta! - replicou. - A tosse não é nada, não me vai matar. Não vou morrer por causa da tosse.
- Pois decerto que não, pois decerto - respondi -; não é minha intenção alarmá-lo desnecessariamente, mas deve usar de cautela. Um gole deste médoc defender-nos-á da umidade.
Quebrei o gargalo de uma garrafa que retirei de uma longa fila de muitas outras iguais que jaziam no bolor.
- Beba - disse, apresentando-lhe o vinho.
Levou-o aos lábios, olhando-me de soslaio. Fez uma pausa e abanou a cabeça significativamente, enquanto os guizos tilintavam.
- Bebo - disse - aos mortos que repousam à nossa volta.
- E eu para que você viva muito.
Novamente me tomou pelo braço e prosseguimos.
- Estas catacumbas são enormes - disse ele.
- Os Montresors - respondi - constituíam uma família grande e numerosa.
- Não me lembro do vosso brasão.
- Um enorme pé humano, de ouro, em campo azul; o pé esmaga uma serpente rastejante cujas presas estão ferradas no calcanhar.
- E a divisa?
- Nemo me impune lacessit.
- Ótimo! - disse ele.
O vinho brilhava no seu olhar e os guizos tilintavam. A minha própria disposição melhorara com o médoc. Tinha passado por entre paredes de ossos empilhados, à mistura com barris e barris, nos mais recônditos escaninhos das catacumbas. Parei novamente e desta vez fiz questão de segurar Fortunato por um braço, acima do cotovelo.
- Salitre! - disse eu -, veja como aumenta. Parece musgo nas abóbadas. Estamos sob o leito do rio. As gotas de umidade escorrem por entre os ossos. Venha, vamo-nos embora que já é muito tarde. A sua tosse...
- Não faz mal - retorquiu -, continuaremos. Antes, porém, mais um trago de rnédoc.
Abri e passei-lhe uma garrafa de De Grâve. Despejou-a de um trago. Os olhos brilharam-lhe com um fulgor feroz. Riu e atirou a garrafa ao ar, com uns gestos que não entendi.
Olhei-o surpreso. Repetiu o movimento grotesco.
- Não compreende?
- Não, não compreendo - respondi.
- Então não pertence à irmandade.
- Como?
- Quero eu dizer que não pertence à Maçonaria.
- Sim, sim - disse -, sim, pertenço.
- Você? Impossível! Um maçon?
- Sim, um maçon - respondi.
- Um sinal - disse ele.
- Aqui o tem - retorqui, mostrando uma colher de pedreiro que retirei das dobras do meu roquelaire.
- Está a brincar - exclamou, recuando alguns passos. - Mas vamos lá ao amontillado.
- Assim seja - disse eu, tornando a colocar a ferramenta sob a capa e tornando a oferecer-lhe o meu braço. Apoiou-se nele pesadamente. Continuamos o nosso caminho em procura do amontillado. Passamos por uma série de arcos baixos, descemos, atravessamos outros, descemos novamente e chegamos a uma profunda cripta na qual a rarefação do ar fazia com que os archotes reluzissem em vez de arderem em chama.
No ponto mais afastado da cripta havia uma outra cripta menos espaçosa. As paredes tinham sido forradas com despojos humanos, empilhados até à abóbada, à maneira das grandes catacumbas de Paris. Três das paredes desta cripta interior estavam ainda ornamentadas desta maneira. Na quarta parede, os ossos tinham sido derrubados e jaziam promiscuamente no solo, formando num ponto um montículo de certo vulto. Nessa parede assim exposta pela remoção dos ossos, percebia-se um recesso ainda mais recôndito, com um metro e vinte centímetros de fundo, noventa centímetros de largo e um metro e oitenta a dois metros e dez de alto. Parecia não ter sido construído com qualquer fim específico, constituindo apenas o intervalo entre dois dos colossais suportes do teto das catacumbas, e era limitado, ao fundo, por uma das paredes circundantes em granito sólido.
Foi em vão que Fortunato, levantando o seu tíbio archote, tentou sondar a profundidade do recesso. A enfraquecida luz não nos permitia ver-lhe o fim.
- Continue - disse eu -, o amontillado está aí dentro. Quanto a Luchesi...
- É um ignorante - interrompeu o meu amigo, enquanto avançava, vacilante, seguido por mim. Num instante atingira o extremo do nicho, e vendo que não podia continuar por causa da rocha, ficou estupidamente desorientado. Um momento mais e tinha-o agrilhoado ao granito. Havia na parede dois grampos de ferro, distantes um do outro, na horizontal, cerca de sessenta centímetros. De um deles pendia uma pequena corrente e do outro um cadeado. Lançar-lhe a corrente em volta da cintura e fechá-la foi obra de poucos segundos. Ficara demasiado surpreendido para oferecer resistência. Retirei a chave e recuei.
- Passe a mão pela parede - disse eu. - Não deixará de sentir o salitre. Na realidade está muito úmido. Mais uma vez lhe suplico que nos retiremos. Não lhe convém? Nesse caso, tenho realmente de o deixar. Mas, primeiro, quero prestar-lhe todas as pequenas atenções ao meu alcance.
- O amontillado! - berrou o meu amigo, que se não recompusera ainda do espanto em que se encontrava.
- É verdade - respondi. - O amontillado.
Ao dizer isto, pus-me a procurar com todo o afã por entre as pilhas de ossos de que já falei. Atirando com eles para o lado, pus a descoberto uma quantidade de pedras e argamassa. Com estes materiais e com a ajuda da minha colher de pedreiro, comecei a entaipar com todo o vigor a entrada do nicho.
Mal tinha colocado a primeira fiada de pedras quando descobri que a embriaguez de Fortunato tinha em grande parte desaparecido. A este respeito, o primeiro indício foi-me dado por um longo gemido vindo da profundidade do recesso. Não era o gemido de um ébrio. Sucedeu-se um prolongado e obstinado silêncio. Pus a segunda fiada de pedras, a terceira e a quarta. Em seguida ouvi as vibrações furiosas da corrente. O ruído prolongou-se por alguns minutos, durante os quais, para me ser possível ouvi-lo com maior satisfação, suspendi a minha tarefa e sentei-me no montículo de ossos. Quando finalmente cessou o tilintar, retomei a colher de pedreiro e completei sem interrupção a quinta, a sexta e a sétima fiadas. A parede estava agora quase ao nível do meu peito. Parei novamente e, elevando o archote acima do parapeito, fiz incidir alguns raios de luz sobre a figura que lá estava dentro.
Uma sucessão de gritos altos e agudos, irrompendo de súbito da garganta da figura agrilhoada, quase me atirou violentamente para trás. Por um breve momento hesitei, tremi. Desembainhei o florete e com ele comecei a tatear o recesso, mas bastou pensar um momento para voltar a sentir-me seguro. Coloquei a mão sobre a sólida construção das catacumbas e fiquei satisfeito. Tornei a aproximar-me da parede. Respondi aos gritos daquele que clamava. Repeti-os como um eco, juntei-me a eles, ultrapassei-os em volume e força. Depois disto, o outro sossegou.
Era agora meia-noite e a minha tarefa aproximava-se do fim. Completara já a oitava, a nona e a décima fiadas. Tinha acabado uma porção da décima primeira e última; faltava apenas colocar e fixar uma pequena pedra. Lutava com o seu peso; coloquei-a parcialmente na posição que lhe cabia. Soltou-se então do nicho um riso abafado que me arrepiou os cabelos. Seguiu-se uma voz triste que tive dificuldade em reconhecer como sendo a do nobre Fortunato. Dizia aquela voz:
- Ah!, ah!, ah!, he!, he!, boa piada, de fato, excelente gracejo. Havemos de rir bastante acerca disto, lá no palácio, he!, he!, he!, acerca do nosso vinho, he!, he!, he!
- O amontillado? - disse eu.
- He!, he!, he!, he!, he!, he!, sim, o amontillado. Mas não estará a fazer-se tarde? Não estarão à nossa espera no palácio lady Fortunato e os convidados? Vamo-nos embora.
- Sim - disse eu -, vamo-nos.
- Pelo amor de Deus, Montresor!
- Sim - disse eu -, pelo amor de Deus!
Em vão esperei uma resposta a estas palavras. Comecei a ficar impaciente. Chamei em voz alta:
- Fortunato!
Não obtive resposta. Chamei novamente:
- Fortunato!
Continuei sem resposta. Meti um archote pela pequena abertura e deixei-o cair lá dentro. Em resposta ouvi apenas um tilintar de guizos. Senti o coração oprimido, dada a forte umidade das catacumbas. Apressei-me a pôr fim à minha tarefa. Forcei a última pedra no buraco, e fixei-a com a argamassa. De encontro a esta nova parede tornei a colocar a velha muralha de ossos. Durante meio século nenhum mortal os perturbou. In pace requiescat!
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Texto do conto obtido em O Barril de Amontillado, PasseiWeb.

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Wikisource:
The Cask of Amontillado (1846) by Edgar Allan Poe
The New Catacomb (1898) by Sir Arthur Conan Doyle
In the Walls of Eryx (1939) by H. P. Lovecraft

Wikipedia:

The Cask of Amontillado
In the Walls of Eryx

2 comentários:

Bruno "Jesus" disse...

Puts, que massa, sou fã do Poe desde pirralho.

Eu e meu primo tínhamos uns 10 anos e fazíamos salsicha assada numa fogueira no fundo do quintal e líamos Poe até... umas 11 da noite.
(E isso era o mais próximo de acampar na floresta que a gente conseguiu).

E eu comprei um livro da CosacNaify pela internet só pra ganhar de brinde um procket book dO Gato Preto E fui ler no ônibus. Convenhamos, ônibus não é o clima ideal pra se ler um conto de terror. Na verdade isso é um baita estupidez, mas ok.
Eu comecei a ler e, na primeira pág pensei: "nossa, o Poe me parecia tão mais assustador quando eu era criança, ele agora me parece tã...". Engasguei. Na 2º página começou toda aquela insanidade e na 5º pág eu já estava apavorado sem deesgrudar os olhos do livro. Saí do ônibus as 2 da tarde olhando pros lados e me assustando com qualquer barulho.

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Psicólogo Cláudio Drews disse...

Vi esse teu comentário e me lembrei de algo que li... Tenho certeza que era do Ambrose Bierce, que também escreve contos de terror, mas não me lembro se foi aquele livro Visões da Noite, que é uma seleção de alguns contos dele... Bom...
Segundo Bierce escreveu, na forma de conto inclusive, um conto de terror precisa de um clima adequado para ser lido. Não deve ser lido, por exemplo, num bonde... hehehehe... No conto havia algo como que um desafio para que um dos personagens fosse ler um conto de terror em uma casa abandonada num lugar ermo ou coisa assim.
Mas eu não concordo com Bierce... Pensa bem: se o cara está num daqueles ônibus fedorentos e caindo aos pedaços, com um motorista que parece estar meio afetado em suas funções motoras e cognitivas, andando por uma estrada precária numa noite chuvosa, o clima de terror já vai estar estabelecido. Talvez até ajude um conto ou outro que seja mais fraquinho. (: