quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Inibição Transmarginal

A Inibição Transmarginal é a teoria segundo a qual se afirma que, diante de uma dor extrema ou forte estresse, o corpo irá desligar-se e impedir que a pessoa suporte o desconforto mental ou físico causado. Desta forma, uma pessoa sob intensa tortura ou que esteja passando por momentos de grande tensão irá cair inconsciente. O corpo também pode desligar-se parcialmente, fazendo com que a visão se turve ou cesse, assim como a audição, o controle motor e o tônus muscular cedam.
Fatores que podem levar a este estado incluem o aumento dos níveis de desconforto e a impossibilidade de prever quando o desconforto será experienciado.
Existe um nível limítrofe no qual o desligamento ocorre. Este nível varia de pessoa para pessoa, sendo que algumas são mais sensíveis e "quebram" mais rápido e com menos estímulos aversivos, enquanto outras possuem grande tolerância a diversos tipos de desconforto.
O primeiro a descrever a inibição transmarginal foi Ivan Pavlov, que descobriu que a experiência de tais extremos leva à perda de condicionamentos prévios.
A inibição transmarginal passa por estágios nos quais os padrões normais de estímulo-resposta (S-R) são transformados: a fase equivalente, na qual um grande estímulo elicia uma grande resposta e vice-versa, considerado o normal; a fase paradoxal, na qual ocorre um revés quantitativo e um grande estímulo elicia uma pequena resposta e vice-versa; e a fase ultraparadoxal, na qual ocorre um revés qualitativo e um estímulo negativo (a remoção de um estímulo aversivo) elicia uma resposta positiva (a presença de uma resposta ao estímulo removido) e vice-versa.
Para atingir os níveis de estresse necessários ao desligamento, ou à inibição transmarginal, Pavlov encontrou quatro mecanismos, que ficaram conhecidos como Os Quatro Estressores, que são estes: a dor, a exaustão física por meio de trabalho intenso ou privação de alimentos, a dissonância cognitiva causada por atrasos entre o estímulo e a recompensa (ou punição) esperada, e a confusão causada pela aleatoriedade e imprevisibilidade dos estímulos e conseqüências que visa aumentar a fadiga emocional.
Os estressores da dor e da exaustão física são diretamente orgânicos, enquanto os estressores causados pelo atraso e pela imprevisibilidade são emocionais, ou mentais; podendo ser divididos, da mesma forma, entre ameaças diretas ou erosão (emocional) indireta.
Na experiência humana do cotidiano é comum a presença de um ou mais destes estressores no dia a dia, especialmente os de erosão indireta. A mídia de massa é um poderoso mecanismo que trabalha diretamente com a mudança de valores, a limitação da reflexão racional, o engajamento em causas duvidosas, a culpa e a conversão ou transmissão da culpa associada a causas maiores meramente alegadas, a destruição paradoxal da identidade individual ao mesmo tempo que prega a isolação ou individualismo, e a distração do processo cognitivo pela saturação. Da mesma forma, também é comum encontrar elementos semelhantes em todas as religiões, visando a conversão e a imposição de dogmas, e em ambientes institucionalizantes, inclusive empresas com o intuito de obter comprometimento acima de qualquer ressalva.

Fontes:
Changing Minds: Transmarginal Inhibition, Four stressors, Conversion techniques.

3 comentários:

Thαiisinhα ;* disse...

Estou a procura das demais cartas que ele escrevia e mandava pra Rosalie R.
Se pudesse me ajudar, eu adoraria.

Psicólogo Cláudio Drews disse...

Oi Thais! Talvez te ajude saber o que significa o R. de Rosalie R. e o contexto. O R. signfica Rayner, ficou para a história como Rosalie Rayner Watson. Ela ajudou no experimento de condicionamento do pequeno Albert, em 1920, segundo a Enciclopédia Britânica (versão on-line, encontrei pelo Google).
Ela era assistente dele e ele teve um caso com ela, tendo que abdicar do cargo na Johns Hopkins por causa dela... Talvez isso não seja novidade pra ti, mas é para mim, pois vi tudo meio que por cima em relação a biografia do John B. Watson.
Encontrei uma foto do Watson com a Rayner enquanto procurava algum trecho de carta...
Mas... Sobre as cartas em si.. Só encontrei mesmo a "passagem memorável", publicada em um jornal de Baltimore, citada no site da Johns Hopkins Gazette:
..."cada célula minha é sua, individualmente e coletivamente... não posso ser mais seu do que eu já sou, mesmo que uma operação cirúrgica nos fizesse apenas um..."
E pensar que eu me considerava estranho... hehehehehe...
Pelo o que eu vi.. foram mais de 10 cartas de amor para Rosalie Rayner...
No Google Books tem um livro chamado A History of Psychology in Letters que fala destas cartas, porém só tem cartas do Watson falando do Behaviorismo..
Bom, procurei.. procurei, até no google images, mas não encontrei as tais cartas.. :P

Nelson Motta disse...

Oi...

Tudo legal por aí?

Estou a desenvolver uma tese que misturará psicologia das emoçoes com psicologia ambiental & o amor como sentimento inteligente e "doença" que demorará alguns meses entre research e as minhas pesquisas no terreno na 1a e 3a pessoas...

Li alguns dos teus textos e verifico que existem perspectivas mutuas nas formas de pensar e ideias tuas unicas igualmente.

Gostava que fosse possivel mantermos o contacto.

envia um email em resposta.

Cumprimentos.

Nelson