Existem algumas - boas - palestras que preciso ver e rever para poder compreender melhor, mas existem algumas outras palestras - melhores ainda - que eu vejo e revejo simplesmente porque é muito divertido. No trecho que transcrevi abaixo, John Searle não explica o livre-arbítrio, na verdade ele apenas faz graça tentando demonstrar a relevância do problema para o âmbito filosófico, contudo este é um daqueles trechos inesquecíveis.
Quanto a se existe ou não livre-arbítrio, John Searle acredita que esta é uma questão em aberto, mas que a existência de atividade racional pressupõe a existência de livre-arbítrio.
Uma questão (composta) para pensar: quantas vezes agimos de forma irracional, mesmo em face a situações de grande importância? Para onde vai o nosso livre-arbítrio nestes momentos?
Pessoalmente, acredito que a questão do livre-arbítrio ainda está em aberto, concordando com Searle, mas penso que o espaço para decisões livres, racionais e voluntárias no nosso dia a dia, nas escolhas que irão nos acompanhar por muito tempo, e nas nossas ações, é muito, mas muito pequeno, tendo em consideração fatores como o contexto em que a pessoa está inserida, a condição emocional desta pessoa, suas vivências passadas e o que ela foi capaz de aprender com a experiência, etc...
"Vejam este cenário imaginário: você está em um restaurante e o garçom diz: - Você tem que fazer uma escolha entre a refeição vegetariana e a refeição com carne. Nós só temos estas duas opções, você precisa escolher entre uma delas.Os diálogos acima foram usados para demonstrar que o livre-arbítrio não pode ser abordado como uma mera ilusão, uma vez que não podemos simplesmente fugir dele, ou abrir mão dele: o ato de abrir mão do livre-arbítrio de forma racional e lógica em um sistema, ou numa relação, só pode ser compreendido por quem exercita esse ato. O garçom poderia esperar a vida toda e nenhuma resposta sairia da boca do determinista sem que fosse feita uma escolha inteligente e racional, similarmente ao que ocorre com o cenário do burro de Buridan (que eu adaptei levemente num outro post). Em resumo, mesmo que sejamos convencidos de que todo nosso comportamento é predeterminado, nós não somos capazes de agir como se assim fosse.
Você não pode responder: - Olha, eu sou um determinista. Eu vou apenas esperar e descobrir o que foi que eu pedi, vou sentar aqui e esperar para ver o que acontece. [risos]
Isso não pode acontecer por que, se você disser isso, será inteligível apenas para você: a recusa em exercitar o livre arbítrio é inteligível apenas para você, se você assumir que isto foi um exercício da sua própria vontade.
Eu dei uma palestra em Londres, sobre este assunto, e um cara se levantou no meio da palestra e disse: - Escute! Se o determinismo for comprovado, você irá aceitá-lo? [risos]
Então mostrei para o cara, disse para ele pensar na forma da questão. A forma da questão é: - Se ficar comprovado que não existe tal coisa como uma ação livre, voluntária e racional, você aceitaria isso de forma livre, voluntária e racional?"
Fonte: Authors@Google - John Searle, 30 de outubro de 2007
Quanto a se existe ou não livre-arbítrio, John Searle acredita que esta é uma questão em aberto, mas que a existência de atividade racional pressupõe a existência de livre-arbítrio.
Uma questão (composta) para pensar: quantas vezes agimos de forma irracional, mesmo em face a situações de grande importância? Para onde vai o nosso livre-arbítrio nestes momentos?
Pessoalmente, acredito que a questão do livre-arbítrio ainda está em aberto, concordando com Searle, mas penso que o espaço para decisões livres, racionais e voluntárias no nosso dia a dia, nas escolhas que irão nos acompanhar por muito tempo, e nas nossas ações, é muito, mas muito pequeno, tendo em consideração fatores como o contexto em que a pessoa está inserida, a condição emocional desta pessoa, suas vivências passadas e o que ela foi capaz de aprender com a experiência, etc...
Nenhum comentário:
Postar um comentário