segunda-feira, 2 de abril de 2007

Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber: por trás das idéias sociológicas

Em vista da demanda por conteúdo destes três sociólogos, Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber, resolvi postar este trabalho feito no Primeiro Semestre do curso de Psicologia.

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Ana Lúcia, Cláudio Drews Jr., Fábio Guerra, Márcia Gonçalves, Taimon Maio.a*



RESUMO


Partindo da importância do meio cultural, da localização histórica e do ambiente familiar para a formação do indivíduo; e do papel que o indivíduo tem como agente cultural e histórico, este estudo busca compreender o impacto que estas forças tiveram nas teorias de três das mais importantes figuras da sociologia moderna. As observações e considerações têm como base o material biográfico disponível e as próprias teorias desenvolvidas pelos indivíduos a serem estudados.


Palavras-chave: sociologia, antropologia, história, psicologia.



INTRODUÇÃO


A família, além de assegurar o sustento e transmitir a herança cultural e social, por meio das interações que são desenvolvidas em seu meio, também firma posições e cria contradições que, em muitos casos, irão acompanhar o indivíduo por toda a sua vida. Em muitos casos é possível vislumbrar o seio familiar no qual o indivíduo foi criado, estudando sua produção intelectual.

Marconi explica que o relativismo cultural, como é estudado pela Antropologia, trata do condicionamento a um determinado modo de vida, por meio do processo de endoculturação que se inicia na família, e é determinante para o sistema de valores e para a própria integridade cultural do indivíduo. (2006)

O Zeitgeist – clima, não tanto físico quanto intelectual – em que este indivíduo vive, pode tanto exercer uma força favorável, quanto uma força inibidora, impedindo a disseminação e o desenvolvimento de certas idéias: “Por mais valiosas que suas contribuições sejam consideradas hoje, se as figuras significativas da história e da ciência tivessem tido idéias demasiado distantes do clima intelectual de sua época, suas percepções teriam desaparecido na obscuridade.” (SCHULTZ, 2007)

Além dos fatores citados acima, o próprio contexto histórico em que o indivíduo se encontra, os acontecimentos de peso do seu tempo, irão exercer um impacto que pode ser notado em toda espécie de obra que este venha a elaborar.

Tendo isto em mente, buscamos na biografia de três expoentes da Sociologia, dados que se traduzissem em forças criativas ou limitantes ao longo de suas vidas e de suas teorias, ainda tão estudadas e relevantes nos dias atuais.


1 KARL MARX


Karl Heinrich Marx nasceu em 1818 e foi o terceiro de sete filhos de uma família Judía de Trier, na Prússia, região que pertence à Alemanha. Sua mãe Henrietta Pressburg, era de origem Irlandesa e descendia de uma linhagem secular de rabinos. Seu pai, Herschel Mordechai, forçado pelas autoridades Prussianas, converteu sua família ao Cristianismo Luterano e mudou seu nome para Heinrich em 1824, uma vez que não permitiriam que ele continuasse a exercer sua função de Justizrat (conselheiro de justiça) sendo Judeu. Mesmo assim ele nunca deixou de acreditar na integridade da monarquia Prussiana. A decisão pelo Luteranismo, embora esta denominação representasse uma minoria em uma região predominantemente Católica, foi motivada pelo seu desejo de participar da vida intelectual e social burguesa: um homem que tinha fortes crenças na ideologia racionalista de Locke, Leibnitz e Lessing, encontrava-se deslocado em qualquer sinagoga e, uma vez que esta era a denominação oficial do Estado Prussiano e tolerava o pensamento racionalista, as vantagens lhe eram evidentes. Naquele tempo, renunciar ao Judaísmo não era visto apenas como a emancipação teológica, mas era um ato especialmente representativo no meio social.

Marx foi educado em casa até a idade de treze anos; seu pai era admirador de pensadores Iluministas Franceses, culturalmente identificava-se com os ideais burgueses de seu tempo e seu lar era frequentemente visitado por intelectuais. Marx teve uma infância feliz e livre de preocupações, sendo bastante próximo de sua irmã mais velha, Sophie. Sua mãe jamais chegou a dominar a língua alemã com fluência e, embora depositasse grandes esperanças em seu terceiro filho, jamais chegou a interferir diretamente em sua educação. Mais tarde, ela evidenciou o seu remorso, creditando o “fracasso” de Marx à sua negligência neste aspecto de sua formação.

Em 1835, Marx foi admitido na Universidade de Bonn, aos 17 anos, para estudar Direito. Lá se juntou a um clube de boêmios e, em determinado momento, chegou a presidí-lo. Foi em Bonn que ele aumentou seu interesse no estudo de Filosofia e Literatura, apesar de suas notas serem retrato de suas atividades boêmias. Ao completar 18 anos, Marx envolveu-se com Jenny von Westphalen: uma mulher de grande beleza e de gênio forte, quatro anos mais velha do que Marx e a melhor amiga de Sophie – esta, inclusive, “atenuou o caminho para a união destas duas almas”. (MEHRING, 2004)

Seu pai, Heinrich, não apoiava seus planos de estudo e nem suas aventuras amorosas. Seja pelo descontentamento com os resultados advindos de suas atividades parassociais – fato evidenciado em suas correspondências datadas desta época, seja por não acreditar que seu filho pudesse sustentar-se com dignidade exercendo uma vida acadêmica, ele decidiu forçar Marx a transferir-se para a Friedrich-Wilhelms-Universität, em Berlim. Neste período Marx escreveu muitos poemas e teses sobre a vida, utilizando-se de um estilo que remete aos primórdios de sua educação, ainda no âmbito familiar, mas, ao mesmo tempo, também começou a flertar com a filosofia ateísta dos Jovens Hegelianos.

Os Jovens Hegelianos – ou a Esquerda, como também eram conhecidos – era um grupo de estudantes que se denominavam filósofos e jornalistas e que faziam uso do método dialético de seu professor Hegel, aparte do seu conteúdo teológico, como uma poderosa arma de crítica social e religiosa; opondo, desta maneira, o método ao seu criador.

Engels relata que Marx obteve seu Doutorado em 1841, com uma dissertação sobre a filosofia de Epicúrio e, no mesmo ano ele retornou à Bonn, visando qualificar-se como pesquisador, mas “obstáculos impostos pelo governo no caminho de seu amigo Bruno Bauer” e dispensa deste de seu cargo na universidade, fizeram Marx compreender que não havia espaço para ele em uma universidade Prussiana. (1892)

Seu envolvimento com os Jovens Hegelianos foi bastante ilustrativo, uma vez que Marx veio a questionar o grupo após ler as críticas feitas por Max Stirner em seu livro Der Einzige und sein Eigenthum (1845). Não se contentou apenas em questionar o grupo, como também desenvolveu uma crítica à Stirner, escrevendo Die Deutsch Ideologie (1846) que não foi publicado. Também foi entre os Jovens Hegelianos que Marx conheceu Moses Hess, alguém com quem ele eventualmente discordava, mas a quem ele devia muitas de suas idéias sobre a relação entre estado, sociedade e religião.

Em 1843 Marx se casa com Jenny von Westphalen e, com ela, chega em Paris com a intenção de trabalhar com Arnold Ruge, um revolucionário Alemão, publicando o jornal Deutsch-Französische Jahrbürcher, o qual existiu por apenas uma edição devido, em parte, as dificuldades de fazer sua circulação secretamente na Alemanha; mas também devido as diferenças entre os dois editores: enquanto Ruge continuava ligado à filosofia Hegeliana e ao radicalismo político, Marx estudava economia política, os socialistas Franceses e a história da França, um dos motivos pelos quais Marx veio a converter-se ao Socialismo.

Foi em Paris que Marx conheceu Engels, em 1844 no Café de la Régence, dando início a amizade mais importante de sua vida. Engels havia ido a Paris apenas para mostrar a Marx a sua obra A Condição da Classe Trabalhadora Inglesa em 1844. O primeiro fruto da colaboração entre Marx e Engels foi um panfleto contra Bruno Bauer, datado de 1845.

Deste ponto em diante Marx passou a escrever para o jornal mais radical da Europa, o Vorwärts, estabeleceu uma sociedade secreta chamada de A Liga dos Justos, estudou a história da Revolução Francesa, leu Proudhon e também começou a estudar um lado da vida com o qual ele nunca havia entrado em contato: o grande proletariado urbano. Marx também continuou sendo influenciado pelas idéias de Bauer e Feuerbach.

A vida de Marx se resume então a estudar, a escrever obras tais como O Capital e A Pobreza da Filosofia, sempre movido pela necessidade de criticar algum ponto, e a participar de movimentos tais como da Comuna de Paris de 1871, sobre o qual Marx escreveu A Guerra Civil na França, em defesa desta.

Durante todos estes anos, desde que havia chegado a Paris, sua esposa, Jenny, esteve ao seu lado, embora as dificuldades não fossem poucas. Ela havia sacrificado todas as perspectivas de um futuro brilhante para ficar ao lado de alguém com "um futuro incerto e perigoso", como o pai de Marx havia alertado. Este mesmo pai, contudo, estava de tal maneira encantado pelos dons e pela beleza angelical de Jenny, que prometeu para seu filho que "nem mesmo um príncipe poderia roubá-la dele."

O futuro acabou mostrando-se mais perigoso e incerto do que Heinrich Marx jamais sonhara, mas Jenny demonstrou a inabalável coragem de uma heroína em todos os momentos de sofrimento e aflição. Ela era, sem dúvida, quem subtraía parte do peso e da gravidade da vida de Karl Marx, e este retribuía seu amor, como é possível notar em uma carta, escrita após 20 anos de casamento: “Todos os dias eu imagino a velha casa Westphalen e esta me interessa mais do que todas as ruínas Romanas por me lembrar dos dias felizes da minha juventude e por ter abrigado o meu tesouro.” (apud MEHRING, 2004)

Com todo amor que havia entre ambos, a vida era dura, pois dependiam dos artigos semanais de Marx como correspondente internacional para o New York Daily Tribune e da bondade de Engels para sobreviver. Dos sete filhos que tiveram, apenas três sobreviveram até a idade adulta. Agravando o seu estado financeiro, Marx, mesmo vivendo na pobreza e no limite de seus ganhos, fazia algumas extravagâncias que, acreditava, eram necessárias para seus filhos e sua mulher, dado o status social que detinham.

Jenny morreu em 1881 e Marx morreu em 1883, quinze meses depois. Sua filha, Eleanor, tornou-se uma socialista e ajudou a editar as obras de seu pai.

Analisando a vida e os relacionamentos de Karl Marx, e entendendo o homem que ele era, é fácil identificar a origem e compreender as idéias que ele deixou para a humanidade: Karl Marx presenciou o poder coercitivo do estado dobrando liberdades individuais de religião e de expressão, mas graças ao seu pai pode desenvolver uma visão crítica sobre o papel da religião; as grandes mudanças de sua vida ocorreram em meio a conflitos, praticou a dialética em todos os seus relacionamentos de fundo intelectual, criando antíteses que davam origem a teses que por sua vez deram origem a antíteses; deparou-se com a análise de mais-valia ao não conseguir publicar muitos de seus trabalhos em vida e por ser um doutor incapaz de prover o sustento de sua família era um burguês traído pelo capitalismo e pelo seu próprio status social, vivendo na pobreza e dependendo da boa vontade de um amigo para sobreviver, e ainda assim acreditava no homem Rousseauneano graças a este e a outros amigos; Marx não odiava o capitalismo, mas se ressentia deste a medida que apontava para o seu fracasso social, dando razão a seu pai, um capitalista típico – tal era o motivo para sua identificação com o proletariado urbano; mas talvez, o mais importante que deixou nas entrelinhas de sua vida, foi a origem da confiança absoluta de que um dia o comunismo venceria, confiança esta que só pode ter vindo de um sentimento igualmente absoluto: o amor incondicional de sua mulher, Jenny.


2 ÉMILE DURKHEIM


Émile Durkheim nasceu em Épinal, na província Francesa de Lorraine, em 1858. Filho de um rabino e descendente de uma longa linhagem de rabinos, ele queria, desde muito cedo, seguir a tradição da família e tornar-se um rabino. Durkheim estudou Hebreu, o Antigo Testamento e o Talmud enquanto realizava o estudo regular em escolas seculares.

Seu rompimento com a religião se deu pouco após a sua confirmação Judaica, aos 13 anos de idade. Durkheim, influenciado por uma professora Católica, teve uma curta experiência mística que o levou a interessar-se pelo Catolicismo. Em pouco tempo ele abandonou todo envolvimento com qualquer religião que fosse, embora mantivesse algum interesse no fenômeno religioso, e tornou-se agnóstico.

Nos tempos do College d'Épinal, Durkheim era considerado um estudante excelente e foi recompensado com diversos prêmios e honrarias. Sua ambição cresceu e ele conseguiu transferência para uma ótima escola Francesa, o Lyceé Louis-le-Grand, em Paris. Lá, preparou-se para os árduos exames adicionais da École Normale Supérieure.

Foram necessárias três tentativas até que ele conseguisse ser admitido em 1879, mas uma vez admitido, ele conheceu alguns dos jovens que mais tarde viriam a marcar definitivamente a vida intelectual da França. Entre eles estavam os filósofos Bergson, Rauh, Globot e Blondel, o sociólogo Jaures e o psicólogo Janet. A École, que havia sido criada pela Primeira República, passava agora por uma renascença e preparava alguns daqueles que vieram a ser os líderes da Terceira República.

Contudo, Durkheim não estava muito feliz. Ele era extremamente estudioso e dedicado, e logo foi apelidado de “o metafísico” por seus colegas. Impaciente por instrução científica e doutrinas que servissem de guia moral, Durkheim estava insatisfeito com a literatura e com a ênfase estética predominante, onde ler versos em Grego e prosas em Latim era mais importante do que travar contato com as mais novas doutrinas filosóficas e os achados científicos. Ele também acreditava que a École havia feito concessões demais ao espírito da dialética e tendia a recompensar discursos “elegantes e originais” em detrimento ao aprendizado sólido e sistemático.

Conservador e dedicado, os demais estudantes o consideravam uma figura distante e isolada, de certa maneira caricata. Sua insatisfação aberta com os professores lhe causou problemas ao graduar-se em 1882, ficando em penúltimo na lista de seleção que lhe permitira ser nomeado professor. Mas nem por isso Durkheim deixou de demonstrar afeição à École e, até mesmo, a alguns poucos professores: ele dedicou sua tese em Latim à memória do professor e historiador Fustel de Coulanges, e a sua tese em Francês, A Divisão do Trabalho Social, ao professor e filósofo Émile Boutroux. O que ele admirava em Fustel era o uso de métodos críticos e rigorosos na pesquisa histórica, e à Boutroux ele devia a abordagem a diferentes níveis de fenômenos que mais tarde viria a ser um diferencial em sua teoria sociológica.

A derrota da França na Guerra Franco-Prussiana havia criado um sentimento contra o governo secular e republicano, e muitos consideraram que uma abordagem de nacionalista poderia rejuvenescer o poder Francês. Durkheim era um Judeu e, portanto, fazia parte de uma minoria política. O caso Dreyfus, um escândalo político motivado pela injusta condenação de um jovem Francês de etnia e crença Judaica, que dividiu a França na década de 1890, é exemplo do quanto era pesaroso fazer parte da minoria na Europa.

Não havia a menor possibilidade que um homem com uma visão política como a de Durkheim pudesse receber qualquer destaque acadêmico em Paris: então, em 1885, ele obteve licença para estudar ciências sociais na Alemanha e, em 1887, ele retornou à Paris, para Bordeaux, que recentemente inaugurara o primeiro centro de treinamento de professores do país. Lá ele lecionou no curso de pedagogia e no primeiro curso de ciências sociais da França, o que lhe deu certo destaque e lhe permitiu criar o primeiro Departamento de Sociologia da Europa – o que, somado ao seu Regras do Método Sociológico (1895) e a criação do jornal L'Année Sociologique, lhe rendeu o título de “pai” da Sociologia. Ainda assim, suas controversas crenças de que religião e moralidade poderiam ser explicadas em termos tão somente de interação social, continuavam a lhe render críticas.

Durkheim, extremamente metódico, observa em sua primeira aula estar encarregado de ensinar uma ciência nova, com poucos princípios estabelecidos e, por isso, estaria fazendo ciência à medida em que ensinava, estruturando e desenvolvendo a Sociologia dentro do rigor de pensamento que já havia demonstrado nos tempos da École.

Em meio a estes acontecimentos de sua vida, Durkheim é grandemente influenciado pelo Zeigeist que impera durante a Terceira República. Nas palavras de Garcia:


[...]um período marcado pela instabilidade política e social, posterior à guerra franco-prussiana, em que a França perde para Prússia a região da Alsácia. Além do sentimento coletivo de fracasso, estava em andamento a reorganização política do Estado, e a conseqüente implementação de medidas que revelavam um rompimento com as tradições: a separação Igreja/Estado, a instituição da instrução laica obrigatória dos 6 aos 13 anos, a introdução da Educação moral e cívica, para preencher o 'vazio moral' deixado pela proibição das aulas de religião, e a instituição do divórcio. A esfera econômica e social foi marcada pelos conflitos sociais [...] houve o movimento de rebeldia popular, a Comuna de Paris, evidenciando os conflitos de classes, e os conflitos de todos contra o homem pobre e sem trabalho [como era previsto com o vingar de idéias de funcionalismo social de Herbert Spencer], a numerosa classe dos 'sem-trabalho' que vivia na cidade de Paris, em péssimas condições de vida. Na França, a multidão de miseráveis foi atirada ao centro da cena política, reivindicando, lutando e convulsionando a sociedade.” [grifo nosso] (2004)


Em contraste com o sentimento derrotista e com a busca por um bode expiatório, existe a esperança no progresso científico e tecnológico: enquanto as máquinas aumentavam a produtividade nas fábricas maravilhando a burguesia, o desemprego aumentava e apontava para a criação de um protótipo de homem Hobbesiano, aquele pobre e desempregado, incapaz de encontrar sua função no “organismo social” devido a “crise moral” em que estava inserido, uma contradição em uma época de maior escolaridade e participação popular na política.

É importante notar que existe uma certa discrepância entre o material biográfico de Durkheim que foi consultado durante a elaboração deste artigo: em alguns casos o texto era extremamente elogioso e suprimia fatos relevantes porém controversos de sua vida. Em uma época tomada por incertezas, a sociedade precisava de figuras de porte e foi este o papel que Durkheim assumiu ao atingir o status de “pai” da Sociologia na França, sem dúvida transformando a sua própria existência num fato social.

O círculo estava completo: Durkheim havia sido empossado da cadeira de Educação na Sorbonne, em 1902, o que lhe permitia exercer grande influência no ensino em toda a França; e, em 1912, com o decorrente incremento de seu poder político após as repercussões do caso Dreyfus, ele consolidou sua influência sendo empossado permanentemente na cadeira de Educação, a qual ele renomeou para cadeira de Educação e Sociologia. Este é um dos episódios onde fica mais clara a visão naturalista da história científica, onde a época faz o sujeito.

A Primeira Guerra Mundial exerceu um impacto trágico na vida de Durkheim. Suas tendências socialistas, embora autoritárias, iam de encontro a propaganda nacionalista vigente na França e ameaçavam sua posição política. Enquanto Durkheim trabalhava ativamente para apoiar o seu país no período da Guerra, suas próprias contradições ideológicas e seu passado Judeu fizeram dele um alvo natural para a direita Francesa em ascensão. Para tornar a situação ainda mais grave, toda uma geração de estudantes de Sociologia que ele havia treinado, estava defendendo a França e morrendo nas trincheiras.

O golpe final se deu com a morte de seu filho na guerra, um golpe mental do qual Durkheim jamais se recuperou. Emocionalmente devastado, Durkheim se entregava a um ritmo frenético de trabalho, vindo a sofrer de derrame, em Paris, no ano de 1917. Recuperado, após vários meses de tratamento, ele termina seu trabalho La Morale e morre de exaustão, aos 59 anos de idade.

Para um homem como Durkheim, a resposta para os problemas de sua época estava no estabelecimento da Sociologia como uma ciência empírica e metódica, capaz de fornecer respostas racionais para restaurar a moralidade, dentro dos padrões conservadores em que tanto acreditava.

Este era um homem que demonstrava grande aflição perante as mudanças sociais e buscava referências num passado que acreditava ser mais estável para travar tal processo. O progresso deveria ocorrer dentro de guias estabelecidas que justificassem o status quo das classes dominantes e, em sua busca, não deixava de procurar um substituto para a resignação que a Igreja impunha nas classes de base em tempos de maior domínio teológico.

Durkheim foi guiado pelo seu medo de mudanças sociais e pela sua obsessão por regras e dominação. Ninguém poderia preocupar-se mais e definir melhor o conceito de anomia, além do próprio Émile Durkheim.


3 MAX WEBER


Maximilian Carl Emil Weber nasceu em 1864, sendo o primeiro de sete filhos de um casal de prósperos Protestantes de Erfurt. A mãe de Weber, Helene Fallenstein, descendia de uma família de intelectuais e o pai dele, Max Weber (Sr.), trabalhou para o governo da cidade de Berlim e mais tarde assumiu a magistratura em Erfurt, carreira que abandonou para perseguir aspirações políticas na capital, onde acabou tornando-se membro da Casa Prussiana dos Deputados e do Reichstag Alemão. Foi membro ativo do Partido Liberal Nacional, o qual apoiava as políticas de Bismarck. Parte do establishment político do Reich, o pai de Weber desfrutava de uma vida sem grandes problemas e repleta de confortos, podendo ser considerado como um típico político burguês Alemão: não alimentava interesse algum em aventuras "idealísticas" que representassem qualquer risco ao seu sólido relacionamento com os poderes estabelecidos.

O jovem Max Weber cresceu em um lar burguês frequentado por líderes políticos e acadêmicos; ainda novo ele pode conhecer historiadores como Treitschke, Sybel, Dilthey e Mommsen. O casamento de seus pais, embora parecesse feliz, começou a demonstrar sinais de desgaste que dificilmente passariam desapercebidos pelas crianças. A mãe de Weber, que possuía um forte compromisso religioso e senso de dever Calvinista, pouco tinha em comum com seu marido, o qual exibia uma ética muito mais hedonista do que Protestante.

Max Weber era uma criança precoce, muito tímida, retraída e de saúde frágil. Seus professores reclamavam sobre sua falta de disciplina e de respeito pela autoridade. Contudo, Weber lia muito: presenteou seus pais, no natal de 1876, com dois tratados históricos intitulados Sobre o curso da história Alemã, com referências especiais quanto as posições do Imperador e do Papa e Sobre o período do Império Romano: de Constantino às migrações das Nações e, aos 14 anos de idade, ele escreveu cartas repletas de referências à Homero, Virgílio, Cícero, entre outros e, antes de ingressar na universidade, já demonstrava um vasto conhecimento sobre Goethe, Spinoza, Kant e Schopenhauer.

O ambiente familiar em que ele vivia era dominado com mão de ferro por seu autoritário pai, que parecia querer compensar sua flexibilidade política sendo inflexível em casa. Embora sua mãe tenha feito enorme esforço para cativar Weber com a piedade Cristã, este parecia se identificar mais com o autoritarismo de seu pai. Alguns biógrafos acreditam que seja este referencial masculino que ajudou Weber, antes uma criança frágil e retraída, a tornar-se um líder na Universidade de Heidelberg, aos 18 anos de idade. Weber gostava de duelar com espadas e beber enormes quantidades de cerveja. Tais atividades não o mataram, mas transforaram o jovem fraco e magricela em um Alemão enorme e repleto de cicatrizes das quais se orgulhava.

Ainda assim, tais distrações não afastaram Weber de seus estudos. Além das classes de Direito, ele presenciava as aulas de Knies sobre Economia, estudava história medieval com Erdmannsdoerffer, Filosofia com Kuno Fischer e Immanuel Bekker o introduziu no estudo das leis e instituições Romanas. Com seu primo mais velho, Otto Baumgarten, estudou teologia.

Depois de três semestres, Weber abandonou Heidelberg para prestar o serviço militar em Strasbourg. Lá ele ficou sob os cuidados de seu tio, o historiador Hermann Baumgarten, e da irmã de sua mãe, sua tia Ida. Weber sofreu forte influência do seu tio, um liberal que jamais havia feito as pazes com o Reich de Bismarck e que o trava com igualdade, o que contrastava com o tratamento que ele recebia em sua casa paterna. Já sua tia, Ida, também era uma piedosa Calvinista como Helene, mas ao invés de ser submissa, era detentora de uma personalidade forte e dominante, dificilmente cedendo a qualquer objeção.

Em suas cartas datadas de 1893, Weber testemunha com eloquência o papel do tio como seu principal mentor e confidente em assuntos políticos e intelectuais. A influência de sua tia também é lembrada. Os anos passados em Strasbourg lhe renderam um senso duradouro das virtudes Protestantes, mesmo que ele se sentisse incapaz de compartilhar da crença Cristã, base de tais virtudes. Foi neste período que Weber começou a enxergar seu pai não mais como um modelo, mas como um hedonista amoral. Ainda assim ele nunca chegou a libertar-se totalmente da afinidade com seu pai. Esta identidade, juntamente com os ideais (contraditórios entre si) de seu tio Hermann e de sua tia Ida, foram as linhas correntes com as quais ele se guiou por um longo período de tempo.

O primeiro amor de Weber foi sua prima, filha dos Baumgarten, Emmy. O casamento durou 6 anos, e foi marcado pela saúde física e mental debilitada de Emmy, que passou a maior parte do tempo em um sanatório, e pelo sentimento de culpa que trazia grande aflição para Weber.

Ao final de 1884, com o fim do serviço militar, Weber retornou para a casa dos seus pais e para a Universidade de Berlim. Os oito anos seguintes foram marcados pela tentativa de seu pai de reverter a influência dos tios, curtos períodos de treinamento militar, um período de estudos em Goettingen, o cargo de escrivão nas cortes de Berlim e, finalmente, o cargo de Dozent na Universidade de Berlim. Naqueles anos ele dependia financeiramente de um pai com o qual o relacionamento tornava-se cada vez mais conturbado e, podendo analisar o tratamento dispensado a sua mãe a partir do ponto de vista externo adquirido durante a estadia na casa dos tios, Weber ficava cada vez mais ressentido com o comportamento de seu pai.

Entre 1886 e 1891 Weber concluiu sua formação legal, tornando-se Privatdozent, finalmente qualificando-se para a profissão de professor. Foi justamente neste período que ele começou a se interessar por políticas sociais contemporâneas.

Em 1888 ele se juntou ao Verein für Socialpolitik, uma nova associação profissional de economistas com ligações à escola histórica, que apontava para o papel da economia em solucionar os problemas sociais da época, pioneiros no estudo estatístico em grande escala de problemas econômicos; e também aderiu ao Congresso Social Evangélico, cuja ideologia pendia para a esquerda política.

Em 1893 ele casou-se com uma prima distante, chamada Marianne Schnitger, feminista e autora de algumas obras. Ela coletava e publicava artigos, escritos por Weber, na forma de livros após a morte deste. O casal foi para Freiburg em 1894, onde Weber recebeu o cargo e professor de economia na universidade local, antes de aceitar o mesmo cargo na Universidade de Heidelberg em 1896.

No ano seguinte o pai de Max Weber morre após uma séria discussão com o filho, não houve tempo para eles fazerem as pazes. Depois da morte do pai, Weber começou a sofrer de episódios de insônia e profunda ansiedade, que vieram a influenciar seu desempenho como professor. Weber acabou por abandonar o curso de economia em 1899 e passar alguns meses em um sanatório durante o verão de 1900. Após a alta, passou viajou durante dois anos, com sua esposa, pela Itália. Durante este tempo conturbado em sua vida, ele não publicou nenhum artigo, finalmente desistindo da docência em 1903.

Em 1904, Weber se associa com Edgar Jaffé e com Werner Sombart; tal relacionamento se mostrou bastante positivo e algumas teses notáveis começam a surgir: entre elas, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo é seu trabalho mais conhecido e deu origem ao estabelecimento da prática de pesquisas sobre o impacto cultural e religioso no desenvolvimento de sistemas econômicos.

Em 1912 ele tenta organizar, sem sucesso, um partido político de esquerda que combinaria os ideais sociais-democrata e liberais.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Weber serviu e, após a guerra, participou das comissões que tentariam manter a supremacia da Alemanha sobre a Bélgica e Polônia. Foi membro da Comissão Alemã de Armistício durante a elaboração do Tratado de Versailles e da comissão encarregada de elaborar a Constituição de Weimar. Na elaboração desta constituição que suas posições deram origem a um mecanismo político utilizado por Adolf Hitler para tomar o poder, suprimindo a oposição e obtendo ares ditatoriais. Este foi, possivelmente, o capítulo mais controverso da participação de Weber na história da Alemanha.

Weber voltou a lecionar na Universidade de Vienna e, em 1919, na Universidade de Munique, onde foi chefe do primeiro Instituto de Sociologia Alemão. Nesta época ele abandonou a política por causa das agitações da ala direita do poder, sendo que muitos de seus colaboradores apontavam para ele lembrando de seus discursos esquerdistas, chegando ao ponto em que alguns estudantes organizaram protestos em frente a sua casa. Max Weber morreu de pneumonia em Junho de 1920.

Assim como Karl Marx e Émile Durkheim, Weber foi um dos fundadores da Sociologia Moderna. Enquanto Durkheim, levado por suas convicções seguindo Comte, se baseava na tradição positivista, Weber criou e trabalhou, analogamente com Werner Sombart, a tradição anti-positivista, apontando as diferenças entre as ciências sociais e as ciências naturais, especialmente devido ao fator humano envolvido. Suas experiências em vida transformaram seu trabalho, abrangendo um espectro que foi da sociologia industrial à sociologia da religião e do governo. Isto só foi possível graças à sua percepção e sua capacidade de lidar as revoluções sociais que tanto preocupavam Durkheim.

A estética Protestante, emerge em seu mais famoso trabalho, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, abordando as interações superestruturais entre as doutrinas teológicas e o equilíbrio econômico. Weber deu um passo em direção ao progresso do estudo social ao tentar abordar objetivamente a influência das religiões na formação das sociedades, se diferenciando do Darwinismo social.

Suas experiências ainda na juventude, em especial na casa dos Baumgarten, e os acontecimentos históricos que acompanharam sua vida, filtrados por uma representação interior de mundo bastante peculiar, foram decisivos na construção de sua obra intelectual.




CONSIDERAÇÕES FINAIS


O objetivo deste artigo era apontar para eventos na vida de Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber que, relacionados à época em que estes viveram e à maneira como eles lidaram com estes eventos, sugerisse a motivação e os moldes para suas criações intelectuais. São três indivíduos, não apenas próximos geográfica e temporalmente, mas que compartilham muitas semelhanças, seja pelas vantagens advindas de sua posição na esfera social, ou mesmo pelas pressões que vieram a sofrer ao interagir socialmente dentro desta esfera; seja pela influência da teologia e da relação da sociedade com este aspecto relevante de suas vidas no âmbito familiar, social e político.

Não seria possível cumprir tal objetivo em poucas páginas, uma vez que pequenas decisões precisavam estar devidamente relacionadas ao tempo e ao meio em que aconteceram, para poderem revelar suas influências nas idéias originadas de três indivíduos ao mesmo tempo tão próximos e tão distantes. Além disso os dados históricos nem sempre são objetivos, especialmente os dados biográficos; daí a necessidade de adquirir, relacionar e processar uma grande quantidade de diferentes fontes.

O esforço foi extremamente válido, pois permitiu uma compreensão mais ampla destas idéias. As concepções personalista e naturalista da história científica estão em constante interação, em paralelo ao processo de endoculturação que sofre transformações por acontecimentos de fundo pessoal. É em meio a estas forças avassaladoras que emerge o indivíduo histórico com suas teorias que são estudadas até os dias de hoje.




ANEXOS


a) Localização temporal1

b) Localização geográfica2



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1 Diagrama elaborado pelos autores.

2 Ilustração com base em imagem obtida na Wikipedia, sob a licença Creative Commons.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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* Acadêmicos do curso de Psicologia da Faculdade Atlântico Sul do Rio Grande.

6 comentários:

Felipe Souza disse...

O estudo da sociologia normalmente se baseia nas ideias deixadas por essas tres figuras importantes. e não na sua biografia. mesmo assim muito obrigado por nada.

Psicólogo Cláudio Drews disse...

Não te conheço, não sei qual era o teu interesse nos autores e, para ser franco, não ligo a mínima para a tua opinião. Citando Clint Eastwood: "Opinions are like assholes. Everybody has one."

Unknown disse...

seu trabalho foi muito importante para quem estuda Sociologia,Filosofia,ou outras disciplinas de humanas. Parabéns, e obrigado!!

Unknown disse...

Tua pesquisa sobre os três principais atores da sociologia, com certeza irá agregar mais conhecimentos para quem ás ler.
Parabéns!!
João

José Ribeiro da Silva Júnior disse...

É simplesmente fantástico! Tal pesquisa contribuiu consideravelmente com o desenrolar de minha tese monográfica... Muito obrigado!

E justamente por compreender a "alma" deste processo sócio-evolutivo, gostaria que responder-se o seguinte questionário, que por sua vez, irá contribuir ainda mais com o avanço deste proceder científico...

Desde já lhe agradeço muito!

Para eventual contato: junior_jdk@hotmail.com

O questionário está disponível em: https://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dEtodUw2MTV3QXZrTmNFVktBNVdOU1E6MA

José Ribeiro da Silva Júnior

aldomiro disse...

gostei muito do seu trabalho,é muito importante para quem esta estudando valeu, meus parabens...